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Acadêmico: José Renato Nalini "Há um evidente divórcio entre os desejos da população e os rumos da política.
Basta verificar o que as redes sociais propalam de piadas e de chistes, de ofensas ou agressões contra os parlamentares"
Mas com um gemido. É o livro de Theodore Dalrymple, traduzido por Hugo Langone, para “É Realizações”. Deveria ser lido por quem não entende o que está acontecendo com o mundo. Veja-se o que a mídia apregoou em 2015. A eleita nos Estados Unidos seria Hillary Clinton. Trump era uma piada. A Inglaterra não teria coragem de deixar a União Europeia. O acordo/anistia/armistício com as FARC era o que os colombianos queriam. A candidatura de João Dória não teria condições de prosperar. Enfim, deu no que deu. Todas as previsões falharam. Quem pode explicar o motivo? O psiquiatra inglês Anthony Daniels se serve do pseudônimo Theodore Dalrymple para tentar explicar. E sua visão é singela: os intelectuais e os políticos já não sabem detectar o que o povo quer. Há um evidente divórcio entre os desejos da população e os rumos da política. Basta verificar o que as redes sociais propalam de piadas e de chistes, de ofensas ou agressões contra os parlamentares. Principalmente os integrantes do Parlamento, embora todos os que pertencem à administração pública em regra são arremessados à mesma lata de lixo. Um dos ensaios desse livro que é perfeitamente adequado ao Brasil foi escrito a respeito das consequências morais do Estado de Bem-Estar Social. O Estado prometeu tudo, encarregou-se de atender a todas as demandas, tornou-se o provedor onipotente e, de repente, não tem como satisfazer os desejos cada vez mais vorazes das “crianças crescidas”, que berram e choram querendo mamadeira. O ressentimento habita esses tutelados que, segundo Theodore, são “crianças” mantidas, alimentadas e tratadas pelo Estado como se fossem animais em cativeiro. Só que a crise chegou e, com ela, a verdade inafastável: o Brasil não cabe no PIB. Este é cada vez menor, a arrecadação só faz cair e frustrar as expectativas e as pretensões recrudescem, elevam o tom da discussão e deságuam na Justiça, que tem ordenado comandos inviáveis, pois não há recurso financeiro para supri-los. O recado é para quem alimenta fantasias. Como diz o autor, “quem prefere falsificar a realidade com suas teorias não pode reclamar quando a realidade aparece em toda a sua brutalidade”. Jornal de Jundiaí 29/01 voltar |
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