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ESPERANÇA
Acadêmico: Gabriel Chalita
"A que se chama Esperança não compactua com essas perversidades. E não fica esperando. Não. Ela age"

Esperança era seu nome.

O segundo nome. O primeiro era Maria. Maria Esperança. E, depois, o nome de família.

Qual teria sido a intenção dos seus pais de chamá-la assim?
Quiseram dar a ela uma responsabilidade desde sempre? Um encargo? Um peso?
Ou vaticinaram que, ali, naquela nova vida, nasceria, como em todas as novas vidas, uma possibilidade de um mundo melhor.
Qual seria sua profissão? Teriam seus pais debatido sobre isso antes da escolha do nome? Certamente, não. Mas quem carrega no nome o nome de Esperança fará a diferença em qualquer profissão.

E seus irmãos? E seus filhos? Como se chamariam os filhos da Esperança?
Moraria ela em uma grande cidade ou em uma pequena vila do interior? Como seria o seu interior?

Pensaram sobre isso os seus pais? Tiveram tempo de olhar para os amanhãs?
Ou escolheram o nome apenas por uma inspiração.

Quem os teria inspirado?

Quem inspira a escolha da Esperança?

O que vem antes? O que virá depois?

Antes, sofrimentos e prazeres, certamente, alternaram-se. Antes, dúvidas preencheram os que haveriam de decidir se a Esperança mereceria nascer.
Ouviram opiniões decisivas contra o que sonhavam. É comum encontrar quem desencoraje. Por tantas razões que não caberiam aqui. Por inveja. Por medo. Por não terem tido possibilidades. Por não suportarem ver os outros decididos a gerar a Esperança.

Os que desacreditam de vidas novas partem a tentar convencer os outros. Querem sepultar pensamentos diferentes. Chamam-nos de utópicos, lunáticos. Mas sabem eles a delícia de um contemplar diante da lua. Lua nova. Lua cheia. Lua crescendo ou diminuindo. Sempre lua.
Os que decidiram gerar a Esperança tiveram que pensar.
Não o pensar que atrasa o agir. Mas o pensar que o valoriza. Que o protege. Que o envia.

O envio é uma decisão dos sábios.

Dos que acreditam que há, em todas as partes, seres sedentos por ação nascida de pensamento.

É assim em um novo ano.

Há guerras em tantos lugares. Inclusive aqui. Guerras horrendas que destroem vidas e espaços. Guerras perversas nos esconderijos de vidas sem vida, de infâncias sem infância, de mulheres sem paz. Quanto ódio em agressores incorrigíveis! Mortes lá. Mortes aqui.
A que se chama Esperança não compactua com essas perversidades. E não fica esperando. Não. Ela age. A Esperança sabe da importância do agir. Do agir nascido do pensamento. Seus pais pensaram antes de decidir. Por isso, ela vive. E tem esse nome.

Quem a encontra se encontra.

Quem a encontra se encanta com tudo o que poderá surgir desse encontro.
E é bom encontrá-la no início. Ou melhor, nos inícios.
No início de um namoro. No início de uma amizade. No início de um trabalho. No início de um ano.

É bom saber que ela é inspiradora.

A Esperança é mulher. Tem o poder de gestar e de fazer nascer vida, vidas.
Tem o poder da continuidade e da novidade.

Carrega consigo o que já foi. E que permaneceu. E antecipa o que ainda há de ser. E é bom que seja.

Porque as guerras, as de lá e as de cá, têm que cessar.

E, nos inícios, é essencial que ousemos fazer diferente.
Nas canções ou nas orações que nos ensinaram.
Nos trajetos que já percorreram por nós. E nos outros que teremos de desbravar.
A Esperança é mansa e é brava. Não é agressiva. Não é irritadiça. É brava. Brava de valente. Brava de decidida.

Maria Esperança, cujo sobrenome aqui não se faz necessário, é professora.
Professa que as sementes dependem do solo e do cuidado. Não acredita ela que algumas nasçam desprovidas do crescer, do florescer, do abastecer de perfume e beleza o universo.

Dos universos de cada lugar e do lugar comum em que vivemos.
Do universo espaço, onde nascemos, ao universo que compõe o ontem, o hoje e o amanhã. Cada qual pode fazer o que deve ser feito. E ficará. É nisso que acredita a Esperança. É por isso que ela, todos os dias, inspira confiança e prepara o amanhã.

Quem não a conhece aproveite esse início de ano e a procure. Não é difícil encontrá-la. Quem já a encontrou, nem preciso dizer - mas vamos lá!, espalhe a notícia de que ela existe. Que tem um primeiro nome comum. Lindo, mas comum. E que está disposta a esperançar, a explicar que é nos inícios que se aproveita para fazer o certo, o bom, o belo.

Em 2017, muita coisa poderá mudar. E será bom se mudar. Nada de esperar. Esperançar.

Obrigado, Maria Esperança, pelo prazer de conhecê-la.





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