Compartilhe
Tamanho da fonte


SOBRE A GRATIDÃO
Acadêmico: Gabriel Chalita
"Em cada fase da vida, é possível olhar para o tempo que passou e ser grato. Olhar para as pessoas que nos preencheram os instantes e sermos gratos. "



Li, recentemente, um livro chamado "Gratidão", escrito por Oliver Sacks. O famoso neurologista traz, nesse livro, as experiências da consciência da finitude e da proximidade da morte. Ele morreu aos 82 anos de câncer. O livro é escrito depois dos 80. Sabia ele que eram os últimos momentos na terra. Mas o livro traz, de forma notável, o tema da "gratidão". Olhar a morte de perto dá medo. Saber que há mais dúvidas do que certezas. Imaginar o que não pode mais ser feito. São pensamentos que poderiam ocupar a mente por inteiro. Confessa, entretanto, o autor, que o sentimento predominante nele é o da Gratidão. Gratidão pelas escolhas que deram certo. Gratidão pelos amores, pelos afetos. Gratidão pelos caminhos que foram apresentando diferentes paisagens.
Aos 80, já se viveu muito. Já se perdeu muito. Já se ganhou muito. Aos 50, também. E também aos 30, por que não? Em cada fase da vida, é possível olhar para o tempo que passou e ser grato. Olhar para as pessoas que nos preencheram os instantes e sermos gratos. Olhar para dentro de nós mesmos e agradecermos o poder cicatrizante que fez com que tantas feridas deixassem de ocupar nossa atenção. Há, por aí, muita gente que sequer agradece ao outro em circunstâncias corriqueiras. Agradecer a quem abre a porta, a quem traz a conta no restaurante, a quem dá lugar, a quem nos vende alguma coisa. Agradecer a quem está limpando, a quem está cozinhando.
Gratidão é um sentimento que cai bem em qualquer situação. As lamentações também fazem parte. Mas, sozinhas, causam muitos incômodos. Quando lamentamos por alguma ausência e agradecemos, logo depois, as tantas presenças que a vida nos proporcionou e proporciona, fica mais fácil prosseguir. E prosseguir vale a pena, em qualquer idade. O entardecer tem uma beleza diferente do amanhecer. Mas tem uma beleza. Certamente.
Por: Gabriel Chalita (fonte: Diário de SP) | Data: 18/11/2016




voltar




 
Largo do Arouche, 312 / 324 • CEP: 01219-000 • São Paulo • SP • Brasil • Telefone: 11 3331-7222 / 3331-7401 / 3331-1562.
Imagem de um cadeado  Política de privacidade.