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Acadêmico: José Renato Nalini "Diante dos demais Países, o Brasil figura como o quadro mais triste, pois ostenta o pior desempenho. Em 2015, registrou-se queda de 3,8% e em 2016, continuou em queda: 3,3%."
Quando uma vez pediram a Juca Chaves definisse o Brasil numa só palavra, ele respondeu: "Socorro!". Essa boutade foi narrada por Carlos Antonio Luque, Superintendente da FIPE - Fundação Instituto de Pesquisa Econômica, ao dissertar sobre a real situação econômica do Brasil. A crise profunda começou em 2014, mas é muito anterior. Esta é a pior recessão da História. Muito mais grave do que a famigerada crise de 1929. De 1945 a 1980, o Brasil cresceu em média 7,3% ao ano. A partir de 80, o crescimento caiu para 2,3. O País perdeu a capacidade de crescimento em virtude do déficit do setor público. Pouca produtividade e má política econômica. Diante dos demais Países, o Brasil figura como o quadro mais triste, pois ostenta o pior desempenho. Em 2015, registrou-se queda de 3,8% e em 2016, continuou em queda: 3,3%. As despesas primárias crescem continuamente. A partir de 2011 o déficit é mais acentuado, porque o superavit primário declina completamente: 0,6 em 2014, menos 1,9 em 2015 menos 2,5 em 2016. A dívida bruta explodiu e as despesas com pessoal se mantêm a 4% do PIB. Por isso é que o investimento público é igual a zero. Tudo isso sem contar os juros, que são inimagináveis. Não há Nação no mundo que tenha as taxas brasileiras. O que seria diferente no Brasil em relação a outros Países, que justificasse esta elevadíssima taxa de juros? Contemporaneamente, há Países em que a taxa de juros é negativa. Aqui, a meta Selic chegou a ser 7,25% em 28.11.12, mas em 31.8.2016 era de 14,25%. E quem se anima a enxergar cenário róseo já no ano de 2017, fique atento: há quem diga que só em 2020 poderemos chegar aos níveis de 2014. Acrescente-se a taxa de desocupação do brasileiro. O desemprego só cresce desde 2012. Mas nunca atingiu os níveis atuais: 9,50 no trimestre móvel de novembro, dezembro de 2015 e janeiro de 2016. 10,20 no segundo trimestre, 10,90 no terceiro, 11,20 no quarto e no quinto e 11,30 entre abril maio e junho. E não há melhora. São Paulo teve governo austero e há um certo equilíbrio entre receitas e despesas primárias: despesa de 1,68% e receitas de 1,59% entre 2011 e 2015. Mas o Brasil tem receitas negativas : 0,03% e despesa crescente: 5,67% no mesmo período. Mas é o Estado-membro que mais sofre, pois o mais industrializado. Não atrai mais dinheiro externo, porque a mídia noticia descalabros como se o País todo estivesse no caos, inclusive São Paulo. Embora a arrecadação correspondente ao ICMS tenha despencado de forma vertiginosa, desde 2014, chegando a um prejuízo de R$ 7,5 bilhões em 2016, é urgente reagir. O quadro mais miserável é o da Previdência Social. Daí a perspectiva cruel de se culpar os idosos pela conta que não fecha. Por isso a inevitabilidade da Reforma da Previdência, da Reforma Tributária e do regime de contingenciamento que virá de forma inexorável. Enquanto isso, a infância e a juventude não podem permanecer à margem. Precisam de educação integral e de qualidade. Esta não depende só de dinheiro. Está condicionada a valores intangíveis, quais o idealismo, o entusiasmo, a paixão, a esperança em dias melhores. Este ingrediente está nos lares, nas escolas, nas Igrejas e em todos os espaços. Precisamos injetar ânimo e confiança em toda consciência lúcida. Não se foge da crise senão enfrentando-a. Quando alguém está doente, precisa de cuidados, tratamento, terapia. Se o Brasil está enfermo, não recuperará a saúde com revoltas, violências, manifestações que terminam em vandalismo. Ao contrário: o Brasil necessita urgentemente de carinho. Só assim terá sua higidez financeira restaurada. A hora é de juízo e até de heroísmo. Quem tiver outra receita, que a apresente e fundamente. voltar |
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