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ISTO TAMBÉM VAI PASSAR
Acadêmico: José Renato Nalini
"É o nome do livro de Milena Busquets, jovem catalã que narra as aventuras de uma heroína que tem muito dela. Jovem, com dois filhos, divorciada, mas que mantém relacionamento fraterno com os ex-maridos, tem um amante e não se recusa a um flerte."

É o nome do livro de Milena Busquets, jovem catalã que narra as aventuras de uma heroína que tem muito dela. Jovem, com dois filhos, divorciada, mas que mantém relacionamento fraterno com os ex-maridos, tem um amante e não se recusa a um flerte. Principalmente quando acabou de perder a mãe e sente um vínculo muito consistente entre Eros e Tanatos.

A libido é uma força muito intensa na vida da personagem. O nome do livro deriva de uma estória que a mãe contou quando Blanca - a protagonista do enredo - perdeu o pai, aos dezesseis anos. Um imperador chinês contratou os melhores filósofos para que encontrassem uma verdade indiscutível, que servisse para todo o sempre. Algo definitivo e atemporal. E os sábios, depois de algum tempo, responderam: "Isto também vai passar".

Talvez com o intuito de serenar o tormento da filha, tão ligada ao pai - como em regra são as filhas, enquanto os filhos se ligam às mães - essa estória advertia que tudo passa. Aliás, a doutora da Igreja, Santa Teresa de Jesus, também espanhola, também dizia "Tudo passa. Só Deus não passa!". Mas não foi ela a inspiração de Milena.

Morte e sexo estão mesclados em todo o livro. A personagem quer sublimar a partida da mãe mantendo relacionamento sexual com parceiros que já conhece e outros que ainda não conhece bem. E gosta de substâncias entorpecentes, num uso considerado normal em sua tribo. Aliás, não gostou quando perguntei se não receava que seus filhos garotos presenciassem esse consumo. Retrucou que o uso de maconha e outras drogas só acontecia enquanto as crianças dormiam.

Eu, que estava assustado por tomar conhecimento de mães que telefonam para amigos convidando para tomar vinho e "fumar muita maconha", não entendi a reação um pouco inamistosa da escritora. O livro pode ser lido sem parar, mas não é uma obra que se queira levar para uma ilha, naqueles exercícios que nos sugerem o que seria imprescindível para uma temporada em solidão.

Só um trecho me encantou: "Quando o mundo começa a se despovoar das pessoas que nos amam, pouco a pouco vamos nos transformando em desconhecidos, ao ritmo dessas mortes". Isso é verdade e serve para a minha aventura por este planeta, ora rumo ao inevitável.



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