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Acadêmico: Gabriel Chalita "O que me leva a votar neste candidato ou naquele ou a não votar? Terá a mídia alguma responsabilidade nessa apatia? Dificilmente boas práticas das gestões públicas são divulgadas. "
Muitas cidades no Brasil voltam às urnas no domingo. Como no primeiro turno, há pouca movimentação. E mais uma vez as abstenções, os votos nulos e brancos podem ser os vitoriosos. O que leva alguém a não votar ou a anular o voto ou a votar em branco? Um protesto? Um silencioso protesto? As cidades assistiram a debates entre os candidatos. Acusações têm sido mais fortes do que propostas. O eleitor olha, não se sente representado e fica em silêncio. Qual a razão dessa apatia? O excesso de partidos, a falta de debates democráticos entre eles, a ausência de causas, de bandeiras, de sonhos? O que é a política, afinal? A palavra vem de "polis", cidade. Do cuidar da cidade, do melhorar a cidade, do fazer com que a cidade seja cada vez mais do cidadão. De todos os cidadãos. O que me leva a votar neste candidato ou naquele ou a não votar? Terá a mídia alguma responsabilidade nessa apatia? Dificilmente boas práticas das gestões públicas são divulgadas. Práticas que, independentemente de quem as executa, poderiam ser replicadas em outros cantos. Não que não se deva criticar as ações dos que ingressam na área pública. Mas e o outro lado? E os que trabalham com a consciência de que ocupam cargos para melhorar as cidades e os cidadãos? Criminalizar a todos, diminuir a todos, contribui para quê? Serão todos os políticos frutos de uma mesma árvore de oportunismos e desonestidades? A generalização é um caminho para a injustiça. E para o silêncio. Há muitos com muitos talentos que contemplam o cenário e decidem: não quero fazer parte desse espetáculo. Não quero colocar em risco a minha vida, a minha reputação por algum fabricador de dossiês. E há outros que tendo participado decidem sair. Querem a liberdade de caminhar por outros caminhos. De conviver menos com as injustiças e as hipocrisias. E a política perde com isso. Há o bom silêncio, o que leva à tomada consciente de decisão. Depois, é preciso agir. Ou isso ou a política será ainda pior amanhã. Por: Gabriel Chalita (fonte: Diário de S. Paulo) | Data: 28/10/2016 voltar |
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