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DO JEITO QUE FOR, LEIA
Acadêmico: José Renato Nalini
"A venda de um e-book estimula a venda de sua versão impressa. Nunca se escreveu tanto como agora, pois a tecnologia permite que o próprio autor edite sua obra."

Em 2015, foram vendidos 204 milhões de e-books nos Estados Unidos. No ano anterior, haviam sido vendidos 234 milhões e em 2013, foram 242 milhões. Embora em queda, esse mercado continua presente e estimula a produção literária. Já o livro em papel, tradicional, vendeu 653 milhões em 2015, ou seja, 2,8% de aumento em relação a 2014.

Leitura superficial poderia sugerir que o livro digital está destinado a desaparecer e há um "revival" do livro físico. Mas a verdade é que há espaço para todas as modalidades de leitura. E que ler continua a ser a maior aventura a todos propiciada: viajar por mentes brilhantes, experimentar ocorrências inesperadas, abrir-se ao mundo da imaginação.

A venda de um e-book estimula a venda de sua versão impressa. Nunca se escreveu tanto como agora, pois a tecnologia permite que o próprio autor edite sua obra. O livro digital tem o seu nicho e como nele não é fácil anotar, como fazem muitos leitores, o livro em papel também continua a ser publicado e a ser lido.

Algo que está acontecendo nos Estados Unidos e que logo se refletirá no Brasil é que os livros digitais se multiplicam e conquistam leitores porque há muitos deles gratuitos. Há uma evidente democratização do mundo dos autores e dos leitores. Um público ampliado tem acesso ao livro graças a plataformas de gratuidade. Algo que o Brasil precisaria replicar é o projeto SimplyE, parceria entre a Biblioteca Pública de Nova Iorque e a Biblioteca Pública Digital da América. Esse programa libera o acesso a livros por crianças e jovens em toda a América do Norte. Moradores de áreas vulneráveis têm livros gratuitos e podem ler. Isso dissemina o hábito da leitura e muitos autores já celebrados querem participar do projeto, porque seu nome fica ainda mais conhecido.

Como diz Robert Darnton, autor de "A questão do livro" e de "Uma viagem literária à França", "uma vida sem leitura é triste. E não lendo nada seríamos cortados de boa parte de nossa cultura. A importância de democratizar o acesso por meio da internet parece central". Isso se consegue com apoio maior às bibliotecas, que devem se tornar centros eletrônicos de difusão da literatura. Isso precisa ser levado a sério pelos governos, pois até a economia melhora num país de leitores.

O livro tem longo futuro. Diria mesmo infinito. Quem se interessa pelo assunto deve ler "O livro e sua história", de Gaston Litton, numa tradução de Maria Elvira Strang. Há muita coisa interessante a saber. Inclusive conhecer o gesto generoso de D.Pedro II, mais uma ação meritória a se acrescentar ao seu ainda incompleto resumo biográfico: ao ser expulso do Brasil, em 1889, doou sua biblioteca de 50 mil volumes à Biblioteca Nacional. Ela se tornou a Coleção "Teresa Cristina".



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