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Acadêmico: José Renato Nalini "Quem é que pode se encontrar todas as quintas-feiras à tarde com Lygia Fagundes Telles, a maior ficcionista brasileira, cuja obra inebria todas as idades?"
É um privilégio poder frequentar a Academia Paulista de Letras e usufruir de um convívio realmente encantador. Quem é que pode se encontrar todas as quintas-feiras à tarde com Lygia Fagundes Telles, a maior ficcionista brasileira, cuja obra inebria todas as idades? Quem é que tem condições de se sentar ao lado de Maurício de Sousa, com a sua simpatia, ouvir as estórias do maestro Julio Medaglia, usufruir da sapiência de José Goldemberb, Celso Lafer, José Gregori, conviver com pessoas do gabarito de Renata Pallottini, Ada Grinover, Anna Maria Martins, Gabriel Chalita, Antonio Penteado Mendonça, José de Souza Martins, José Fernando Mafra Carbonieri, Paulo Nogueira Neto, Juca de Oliveira, Raul Marino, Raul Cutait, dom Fernando Figueiredo e os demais, que completam o cenáculo dos quarenta imortais paulistas? Esta semana tivemos uma exposição interessantíssima sobre o franquismo, a morte ainda enigmática de Federico Garcia Lorca, o mistério do lugar onde seu corpo foi arremessado, a homenagem que Flávio de Carvalho prestou a ele, com a escultura inaugurada em 1968 e que por duas vezes foi destruída por seguidores de ideologia antagônica. Jô Soares, que foi recentemente eleito para a vaga de Francisco Marins, este contador de estórias que turbinou minha imaginação de adolescente, não faltou a nenhuma reunião desde que se tornou “imortal”. Acrescentou espirituosa observação após a fala de Renata Pallottini, poeta e dramaturga muito ligada à cultura hispânica. O corpo desaparecido de Lorca é motivo simbólico de sua alma continuar viva em cada um de nós. Para completar a tarde, Lygia Fagundes Telles recitou dois poemas de Cecilia Meireles, a poeta que ela recebeu, quando acadêmica de Direito no Largo de São Francisco e que só pode oferecer um humilde ramalhete de violetas, pois sua mesada não comportava outros arranjos mais sofisticados. São momentos como esse que justificam nossa crença de que a Humanidade é um projeto exitoso, de que a espécie tem primícias esplendorosas, que a cultura tem vez e que as Academias constituem refúgio de beleza e serenidade, o que nem sempre se encontra em outros ambientes nos quais nossa presença ainda é obrigatória. voltar |
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