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Acadêmico: José Renato Nalini "Por isso é que a cidadania precisa auxiliar o estado a zelar por aquilo que é seu. Impedir o vandalismo. Denunciar as agressões e verdadeiras demolições de bens públicos"
Quem administra a coisa pública enfrenta múltiplos desafios, agravados em fase de escassez de recursos financeiros. Além da angústia natural de não conseguir satisfazer demandas legítimas, sofre a decepção de constatar que nem sempre a comunidade reconhece que os equipamentos públicos pertencem a ela. Foram construídos com dinheiro do povo, são mantidos com dinheiro do povo. E se tiverem que ser reformados, recuperados ou até reconstruídos, não em virtude de desgaste natural, mas de maus tratos e de vandalismo, quem pagará por isso é o mesmo e sofrido povo. As escolas públicas não são do governo. O governo é instrumento de gestão. Eleito pelo povo para gerir a coisa comum. A titularidade dominial é de cada integrante da população, aquela mesma que, com o pagamento dos tributos, mantém o erário. Por isso, quem destrói uma escola, parte dela ou aquilo que a guarnece, está lesando o próprio povo. Dinheiro que poderia ser destinado a outro objetivo é carreado para consertar aquilo que não foi submetido a desgaste natural, mas resultou de lamentável ação humana. As ocorrências não são esporádicas. Cresce o número de episódios em que escola recém-inaugurada é alvo de depredação. Fiação elétrica, lâmpadas, câmeras, computadores, torneiras, vasos sanitários e inúmeros outros bens são subtraídos ou quebrados. Caso insólito, numa obra prestes a ser inaugurada, até o elevador foi furtado. Nessa mesma edificação, as bases de granito dos laboratórios foram quebrados. Não se pode concluir que toda a comunidade seja responsável. A ação é de alguns, mas quem paga pelo prejuízo é o conjunto de todos. Por isso é que a cidadania precisa auxiliar o estado a zelar por aquilo que é seu. Impedir o vandalismo. Denunciar as agressões e verdadeiras demolições de bens públicos. O registro de incêndios provocados em escolas, as pichações e demais formas cruéis de desperdiçar o que é de todos constituem atestado melancólico de degradação do nosso nível civilizatório. Diário de S. Paulo 01-09 voltar |
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