|
||||
| ||||
Acadêmico: Gabriel Chalita "Um aluno, então, proclamou: "E o mundo vai ver uma flor brotar do impossível chão". Ela quis saber o significado. Ele disse "Eu sou o impossível chão". Ela ouviu atenta. Relatos de dor precisam de cumplicidade.
Uma flor brotou naquela sala. A flor do conhecimento e do sabor. Jovens desabrochando para a vida. Quantas batalhas terão de enfrentar"
A professora conversava com os alunos sobre a canção, "Sonho impossível". Relacionava-a com Dom Quixote, livro que haviam lido. Explicava a importância do romance e a riqueza das personagens. A literatura tem uma magia própria. Os dizeres dos sentimentos penetram na parte sublime do cérebro. A razão se fia no elevado. Viajam os alunos para outros tempos, outros espaços. Para os possíveis e os impossíveis. Era impossível o Cavaleiro Andante lutar com moinhos de ventos. Por que, então, Cervantes assim o descreve? Qual era o seu intento, o seu sonho? "Sonhar mais um sonho impossível. Lutar quando é fácil ceder". Perguntava aos alunos e ouvia as mais diversas explicações. O que significa "Negar quando a regra é vender"? A professora os instigava. E voltava a Dom Quixote. E falava em Dulcinéia, a amada. Só ele via sua beleza, só ele anunciava suas formas perfeitas. Ele a fazia sentir-se única, amada, desejada. O amor não é assim, afinal? O que é um homem se metamorfoseando em cavaleiro para dançar a dança dos românticos com sua dama? A perfeição está nos olhos de quem vê. O amor dá unicidade às pessoas e aos momentos. Faz o impossível ser possível por mais impossível que pareça ser. Falaram sobre o cotidiano. Um contou a história dos pais. Dos desencontros e das persistências. Um romance, uma canção e todos os sonhos do mundo em uma sala de aula. E uma mulher, uma professora, regendo a orquestra dos enlaces. Mostrando o mundo de possibilidades que mora em cada um deles. Um aluno, então, proclamou: "E o mundo vai ver uma flor brotar do impossível chão". Ela quis saber o significado. Ele disse "Eu sou o impossível chão". Ela ouviu atenta. Relatos de dor precisam de cumplicidade. Uma flor brotou naquela sala. A flor do conhecimento e do sabor. Jovens desabrochando para a vida. Quantas batalhas terão de enfrentar! "Quantas guerras terão de vencer por um pouco de paz"! Aprendi com aquela professora. Agradeci por ser, também, professor. Irmãos de ofício. Por: Gabriel Chalita (fonte: Diário de S. Paulo) | Data: 20/05/2016. voltar |
||||
Largo do Arouche, 312 / 324 • CEP: 01219-000 • São Paulo • SP • Brasil • Telefone: 11 3331-7222 / 3331-7401 / 3331-1562. |