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5/4/2023
COMENTÁRIO DE BETTY MILAN SOBRE A EXPOSIÇÃO "FUGA", DE MARCIO SCAVONE
A exposição “Fuga” apresenta mais de 50 fotografias e fica no Museu da Imagem e do Som até 30 de abril, de terça a domingo.

Quem não foi ver a exposição do Marcio Scavone no MIS precisa ir para ter a dimensão da sua obra. Reinventou a fotografia fazendo tableaux, como ele declara na sua entrevista para Agnaldo Farias. Atravessa a fronteira dos gêneros à maneira dos grandes. Michelangelo pintou a capela sistina como quem esculpe. São inúmeros os quadros de Picasso evocativos da escultura. Além de atravessar a fronteira dos gêneros, Marcio atravessa a das línguas. Não faz quadros, faz tableaux e o uso do francês não é casual porque remete ao surrealismo em cuja tradição ele se inscreve, deixando o inconsciente se manifestar. Não fotografa o que vê mas o que ele já tinha visto, privilegiando a memória e se inscrevendo também na tradição da auto-ficcão, que valeu este ano o prêmio nobel a Annie Ernaux.

Não por acaso as fotografias de Marcio ganharam prêmios no Brasil e no mundo. Vive em Campos de Jordão, numa casa que ele chama de minha toscana mas a sua obra, além de universal é internacional e não vai parar de circular e arrebatar quem se debruça sobre ela.

Last but not least, os textos que ele anexa a cada obra são fundamentais por serem tão poéticos quanto as fotografias através das quais Marcio nos oferece uma errância pelo mundo ; ele erra desde sempre, na trilha de Lacan, segundo quem les non dupes errent. Como o bom errante, Marcio sabe das coisas, ele não é dupe, não é trouxa. Fuga é uma grande exposição e um grande livro. De tirar o chapéu!


Betty Millan



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