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4/10/2020
UM ZUZA HOMEM DE MELLO E DE GRANDEZA (JOÃO CARLOS MARTINS / JÚLIO MEDAGLIA) 
Foi com tristeza profunda que nós, membros da Academia Paulista de Letras, recebemos a inesperada notícia da morte do confrade Zuza Homem de Mello.

Foi com tristeza profunda que nós, membros da Academia Paulista de Letras, recebemos a inesperada notícia da morte do confrade Zuza Homem de Mello. De nossa parte, mais que confrades, admiradores e amigos, éramos seus colegas de profissão cada um em sua área o que nos permite compreender com clareza ainda maior a qualidade e a importância de sua atuação.

Dizemos isso porque nossa música popular urbana e o jazz áreas em que Zuza era um expert não são meras expressões espontâneas ou apenas curiosas de seus povos e sim retratos vivos e a cores de efetivo significado cultural como um todo. Queremos dizer com isso que, para compreender essas realidades, não seria necessário ser apenas um bom jornalista e escritor, como ele era, e sim um profissional com profundos conhecimentos técnicos e humanos desses universos.

Zuza era um ser humano de excelente formação cultural. Como músico contrabaixista, não deixou por menos, indo ter aulas em Nova York com o maior ídolo desse instrumento de todos os tempos, Ray Brown. Nessa cidade estudou também musicologia na mais importante escola de música do país, a Julliard School e na universidade frequentou cursos de literatura inglesa.

Como vivemos na era da inteligência eletrônica, estando no país onde essa ciência atinge o máximo de criatividade e novas soluções a cada minuto, Zuza estudou também engenharia eletrônica. De volta ao Brasil, além de iniciar carreira de jornalista, foi operador de áudio dos momentos mais expressivos de nossa MPB nos estúdios da TV Record por ocasião dos memoráveis festivais musicais dos anos de 1960 e 70.

Considerando a alta temperatura criativa da música da época Zuza não só iniciou intensa carreira de crítico e analista mas também a de produtor de shows, atividade esta que não cessou até o último momento de sua vida. A grande coleção de artigos e livros que escreveu narrando nosso universo musical com rara sensibilidade, fez com que, em boa hora, ele viesse fazer companhia em nossa magnifica instituição do Largo do Arouche a qual abrigou as mais destacadas figuras da cultura paulista há mais de um século.

Nos encontros da Academia Paulista de Letras suas atuações eram sempre muito vivas, provocadoras e informativas, recheadas de agradável simpatia que o fez bastante querido e admirado por seus “confrades”. Por essa razão cai sobre todos nós neste momento, não só um manto de tristeza como a quase incapacidade de pensarmos em um sucessor para a cadeira de Nº 17, a qual ele honrou como poucos.

João Carlos Martins

Júlio Medaglia




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