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DISCURSO DE RECEPÇÃO PELO ACADÊMICO PAULO BOMFIM
Acadêmico: Antonio Ermírio de Moraes
"Meu caro Antônio Ermírio, cabulemos pela primeira vez uma aula do Liceu Rio Branco. Desçamos a Vila Nova dando uma parada na biblioteca infantil para abraçar dona Lenira Fracarolli. Depois, lentamente, cruzaremos a Rua Bento Freitas e, subitamente, perceberemos que estamos no Largo do Arouche em frente a portões dourados que se abrem."

Com a bênção do patrono, monsenhor Manoel Vicente, e de monsenhor Manfredo Leite, fundador desta Casa, ocupa o novo imortal a Cadeira 23, tão cheia de tradições e glórias.
Monsenhor Manfredo Leite, o grande orador sacro, casou meus pais e me batizou; foi o maior amigo de meu avô Sebastião Lebeis, e um dia meu eleitor acadêmico. Quando monsenhor Manfredo freqüentava a casa de meus avós na Rua Rego Freitas, nessa mesma época passávamos a conviver nas salas de aula do Liceu Nacional Rio Branco, na Rua Vila Nova. Naquele prédio antigo que hoje abriga o Tribunal de Justiça Militar.
As aulas de dona Amelinha, mãe do professor Castelões, de dona Ana, de dona Maria e de dona Leontina, ambas irmãs do acadêmico Lourenço Filho, do professor Guerino de Camargo, do professor Edmundo Dantes do Nascimento e de dona Soledade que ainda hoje nos estimula com suas cartas e seus telefonemas, fazem parte do acervo de nossas melhores lembranças.
O Rio Branco e seu campinho de terra batida onde esfolávamos os joelhos e apurávamos a sensibilidade para o grande futebol do dia-a-dia...
Ali, sob o olhar de nossos mestres, você, seu irmão José e eu, lá pelos idos de 36, consolidávamos uma amizade que atravessaria décadas e décadas, mantendo vivos sonhos e travessuras que alimentam nosso sorrir de hoje.
O menino que você foi continua intacto no homem vitorioso que você é!
Aquela simplicidade e aquele gesto fraterno perduram para sempre.
O orgulho que nossa geração tem de você, caríssimo acadêmico, gratifica a caminhada que percorremos juntos!
A Cadeira 23 está intimamente ligada aos ideais de seu novo ocupante.
A pregação cívica do sacerdote Manfredo Leite, tão voltado aos desvalidos, o sonho de Fernando Azevedo de resgatar a imagem de sua Pátria através da educação, e a bandeira da história da medicina empunhada pelo inesquecível Lycurgo de Castro Santos Filho, todos convergindo para os passos daquele que viria a ocupar essa cadeira: Antônio Ermírio e sua cruzada cívica, Antônio Ermírio e sua crença na educação, Antônio Ermírio e sua luta para dar à medicina brasileira o lugar que merece na história.
Ao engenheiro, senhor de tanto engenhar, ao líder industrial que faz de seu destino indústria de progresso e bem-estar social, ao administrador que administra com sabedoria e coração milhares de destinos, ao semeador que vai deixando sementes de civilização por seu caminho, ao jornalista que registra num sismógrafo em seus artigos, tremores, aspirações e crispaduras de nossa realidade conturbada, ao teatrólogo que leva para ribalta o drama que se transfigura em esperança, ao conferencista ágil e bem-informado, ao político que tanta falta faz ao nosso País, o aplauso de todos nós.
Meu caro Antônio Ermírio, cabulemos pela primeira vez uma aula do Liceu Rio Branco. Desçamos a Vila Nova dando uma parada na biblioteca infantil para abraçar dona Lenira Fracarolli. Depois, lentamente, cruzaremos a Rua Bento Freitas e, subitamente, perceberemos que estamos no Largo do Arouche em frente a portões dourados que se abrem.
Dois meninos disfarçados em dois senhores se abraçam: e o mais velho quase solenemente diz: “Bem-vindo à Academia Paulista de Letras, meu querido acadêmico Antônio Ermírio de Moraes”.



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