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Acadêmico: Jô Soares "Em mais uma solenidade de posse na Academia Paulista de Letras, recebemos, desta vez, a notável figura de um intelectual que é humorista, ator, comediante, diretor, escritor, produtor e artista plástico."
CARÍSSIMOS CONFRADES E CONFREIRAS: Em mais uma solenidade de posse na Academia Paulista de Letras, recebemos, desta vez, a notável figura de um intelectual que é humorista, ator, comediante, diretor, escritor, produtor e artista plástico. Como escritor já que estamos numa Academia de Letras—sua produção é notável. Seu romance “O xangô de Baker Street” teve 510.000 exemplares vendidos no Brasil, além de ter sido editado em mais 11 países (Alemanha, Argentina, Espanha, Estados Unidos, França, Grécia, Holanda, Itália, Japão, Polônia e Portugal). O romance “O homem que matou Getúlio Vargas” teve entre nós uma edição de 358.000 exemplares vendidos e foi também publicado em 7 países (Estados Unidos, França, Grécia, Itália, Portugal, Croácia e Iugoslávia). O livro “Assassinatos na Academia Brasileira de Letras” ganhou uma edição de 183.000 exemplares vendidos, no Brasil, e circulou por 4 países, a saber: Espanha, França, Itália e Portugal. E “As esganadas” mereceu também uma edição nacional de 220.000 exemplares e foi publicado também na França e Portugal. O sucesso editorial que obteve já bastaria para justificar plenamente seu ingresso na APL. Raros são os escritores brasileiros com tal currículo e carreira editorial. Mas o nosso novo confrade é um homem, como disse, multifacetado. É reconhecido como fantástico homem show desde 1958, quando participou, em rádio e TV, de programas de humor. Entre suas primeiras apresentações, destacam-se as entrevistas internacionais, no Silveira Sampaio Show, em francês, espanhol, inglês e italiano), pois dos 12 aos 18 anos estudou nos Estados Unidos e na Europa. São inesquecíveis seus programas na Praça da Alegria, Família Trapo, Quadra de Ases, na década de 60. De 1970 a 1987, na Rede Globo, criou sucessos como “Faça humor, não faça guerra”, “Satiricon”, “Globo Show”, “O planeta dos homens” e “Viva o gordo”. A partir de 1988 no SBT estreou o “Veja o gordo” e “Jô Soares às Onze e Meia”, série de entrevistas com muito bom humor com as maiores personalidades do Brasil e do exterior que por aqui passavam. Muitos dos acadêmicos da APL foram então por ele entrevistados. Voltou em 2.000 à Rede Globo, onde continuou com seu programa de entrevistas, agora sob o título de “Programa do Jô”, que permaneceu em cartaz por 17 anos, devendo terminar neste fim de 2016, para tristeza de todos os seus admiradores. Suas entrevistas com humor, inteligência e acuidade sempre permitiram aos seus telespectadores conhecer o íntimo de imensa gama de personalidades do mundo político, artístico, cultural, acadêmico não só do Brasil como de diversas partes do mundo. Foi ator de incontáveis filmes, como “O homem do Sputinik”, “Angela, A mulher de todos”, “Cidade oculta” além de alguns filmes com Ronald Golias e Otelo Zeloni. Produziu como co-produtor, diretor, roteirista e ator ”O pai do povo”. Entre 1966 e 2010 apresentou trabalhos, como artista plástico, em exposição individual, na cidade de São Paulo. Expos, ainda, na Bienal, tendo sido premiado no Salão de Campinas. Exibiu obras no Salão de Belo Horizonte e no Cultura do Rio de Janeiro. Teve, também, mostras individuais no Rio de Janeiro, no MUB e na Cultura Inglesa de São Paulo. Na Rádio, manteve o programa “Jô Soares AM Session”, “A Voz do Gordo”, na Rádio Eldorado, e na Antena 1 de São Paulo. No teatro esteve presente, em parceria com Suassuna, no “Auto da Compadecida” em 51. Foi diretor de 22 peças no teatro, entre elas “A história de nossa história”, “Romeu e Julieta”, “Os 7 gatinhos A última viagem”, “Histeria” e “Ricardo III”. Realizou sete espetáculos como autor e comediante, entre os quais se destacam “Todos amam um homem gordo”, “Viva o gordo e abaixo o regime”, “O gordo ao vivo”. Ainda como autor, escreveu “A feira de adultério” e “Brasil da comédia à aventura”. É de se lembrar que, na peça que escreveu “Um gordo e mais 6”, admirável espetáculo musical, cantou, tocou trompete e banjo com um sexteto musical. No momento dirige a peça “Tróilo e Créssida” por ele traduzida e adaptada, em cartaz no Teatro do SESI/SP (Centro Cultural Fiesp Ruth Cardoso). Não se pode esquecer de mencionar as oito peças em que atuou como ator, entre elas “Passeio sob arco-iris” de Guilherme Figueiredo, autor de sofisticado humor. Contam de Guilherme Figueiredo, irmão do ex-presidente Figueiredo, que, viajando certa vez de avião ao lado de um general, este lhe perguntou qual era sua profissão, tendo respondido que era escritor. O General, então, retrucou: “Nunca ouvi falar de nenhuma obra sua”, ao que Guilherme respondeu: “Não se incomode General. Eu também nunca ouvi falar de nenhuma batalha sua”. Representou “Oscar”, de Claude Magnier, e “Remix em Pessoa”, extraordinário solo com poesias de Fernando Pessoa, a que tive oportunidade de assistir, com os esplêndidos versos do poeta lisboeta - encenados em ambiente que reproduzia a época - e estupenda declamação de vários poemas do inesquecível gênio lusitano. Não menor foi sua produção em televisão, com quinze programas originalíssimos criados com inteligência desde “Dick Farney Show” até o atual “Programa do Jô”. Já citei o sucesso de alguns de seus livros, com fantásticas edições de centenas de milhares de exemplares vendidos em diversos países. Escreveu, ainda, livros de crônicas, alguns em conjunto com Luís Fernando Veríssimo, Millôr Fernandes, Armando Nogueira, Roberto Muylaert. É Chevalier de l’Orde de Mérite da França, Oficial da Ordem do Rio Branco, da Ordem do Mérito Aeronáutico, Comendador do Mérito Judiciário do Trabalho, Professor Honoris Causa pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Eis um brevíssimo currículo do nosso novo acadêmico. Como amigo pessoal de Jô há mais de 25 anos, gostaria, todavia, de acrescentar a este currículo algumas virtudes e predicados sobre nosso novo confrade, que apenas aqueles que estão mais perto conhecem. Jô, com todo este currículo, é uma das pessoas mais simples, afáveis e generosas que conheço. Sempre atencioso com todos, em seu contato cotidiano, é figura distinta da do entrevistador não poucas vezes mordaz que argui alguns de seus entrevistados, quando buscam esconder seu real perfil, em seus programas. Atende a todos com simpatia, sendo idolatrado por todos que com ele trabalham, por sua generosidade e companheirismo. Muitos deles estão com ele há décadas e, nesta convivência, vivem um querer bem por Jô, como se ele estivesse num patamar acima dos comuns mortais. O que, a meu ver, ocorre. Sua lealdade para com os amigos é proverbial. Creio que, por esta razão, apesar de sua enorme popularidade, nunca seguiu a carreira política, visto que fidelidade e lealdade são virtudes que se busca, na política, com a lanterna de Diógenes. Sinto-me, pois, um privilegiado por tê-lo como amigo há tanto tempo, privilégio este que será de todos os meus confrades e confreiras a partir de agora, em que Jô adquiriu a imortalidade paulista na Academia de Letras, a instituição cultural por excelência do Estado de São Paulo. Benvindo a sua nova casa, confrade José Eugênio Soares! voltar |
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