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Acadêmico: Paulo Bomfim "Aqui, em campos de Maio,
Em chãos de Arouche e Rendon,
Evocamos as auroras
Que adormeceram no asfalto,
Invocamos o passado
Que jaz no sangue, no espaço,
Nas almas da madrugada,
No mistério, no atavismo
Destes numes tutelares"
Aqui, em campos de Maio, Em chãos de Arouche e Rendon, Evocamos as auroras Que adormeceram no asfalto, Invocamos o passado Que jaz no sangue, no espaço, Nas almas da madrugada, No mistério, no atavismo Destes numes tutelares; Vigília darmas, capela, Meditação nos destinos Da terra de nossos mortos, Nos rumos de nosso povo, No amanhã de nossa História, Na hora da encruzilhada, No instante das decisões, Quando unimos numa prece Navegantes, sertanistas, Abridores de fazendas, E raças, crenças e classes Se irmanam no mesmo rio Que marcha para o futuro! Quarenta rostos de ontem E vossos olhos de agora Seguem meus passos de moço, Velam por mim na vigília Da antemanhã quase eterna, Quando me fazeis dos vossos E me armais com vossa Fé! Creio na força do verbo, Nos destinos da palavra, Espada, escrita e falada Servindo nas grandes causas; Creio no ideal da cultura, Na beleza imperecível Que transforma a argila em luz; Creio em vós, irmãos mais velhos, No exemplo de vossos rumos, No facho de vossos gestos; E, nesta noite de Maio, Quatro vidas me norteiam, Quatro destinos apontam Quatro caminhos de sol! É Antônio de Godoy Com a juventude que o tempo Jamais consegue roubar, Paladino em seu murzelo, Vem cavalgando distância Criando com sua audácia, "Crônicas de Egas Moniz"; É a presença amiga e boa, José Vicente Sobrinho, Com seu voto de humildade, Seu talento enveredando Em "Contos e Fantasias"; Depois é Veiga Miranda, Engenheiro de engenhar, "Faiscadores", "A Prancha", E o perfil imorredouro Do gênio deste São Paulo, Do poeta baironiano Que as alvoradas retêm Entre as cordas de neblina Da "Lira dos Vinte Anos"; E agora a última estrela Iluminando este céu, Presença de Plínio Ayrosa, Do Mestre de gerações, - E a língua de nossas tabas Permanece além do tempo, Coberta de plumas verdes, Com seus dialetos de guerra E semânticas de amor! E, nesta noite de sempre, Quatro vidas me norteiam, Quatro destinos apontam Quatro caminhos de sol! E é Maio no meu São Paulo, E o prédio da Academia É brasão de descoberta, É oceano quinhentista, É coração que palpita, É oração do Padre Anchieta, Arrancada bandeirante, Arraial de mamelucos, Monção dos rios do sonho, Colina de Independência, Delírio de cafezais, Burgo alegre de estudantes, Baluarte da abolição, Floresta de arranha-céus, Terra rubra, terra roxa, Ilha herdando a força heróica Das águas de meu Tietê, Ilha herdando a santa força Das bênçãos do Paraíba! E é Maio no meu São Paulo, Vinte e três no calendário; Trinta e um anos depois, Moços de cabelos brancos Caminham com Ibrahim Rumo a todas as batalhas! E ao toque de sua voz, Ao lampejo de seu estro, Ao aço de seus ideais, Aqui, em campos de Arouche, Nossa fé e nossa causa, Nossa luta e nosso sangue, Nossa paz e nossa guerra, Nosso chão, nosso amanhã, Nosso amor e nossa luz, Respondem numa só voz: - Presente, sempre Presente! voltar |
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