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![]() Acadêmico: Antonio Penteado Mendonça A imensa maioria das perdas causadas principalmente pelas tempestades que se abateram este verão sobre o território nacional não será indenizada pelas seguradoras, ficando os prejuízos por conta das vítimas
Os prejuízos do verão Qual o total dos prejuízos causados pelos eventos de origem climática desde o começo do verão? De acordo com a SUSEP (Superintendência de Seguros Privados), as perdas sofridas pelo Rio Grande do Sul por conta das chuvas de maio passado chegaram a 90 bilhões de reais, dos quais 6 bilhões foram suportados pelas seguradoras. É uma parcela pequena, mas que, em outros estados, seria menor ainda. O Brasil não é famoso pela capilaridade do seguro na sociedade. Ao contrário, a penetração das apólices não atinge, por exemplo, 25 do total de veículos seguráveis. E o seguro de veículos é o mais comum e um dos mais contratados. Isto quer dizer que a imensa maioria das perdas causadas principalmente pelas tempestades que se abateram este verão sobre o território nacional não será indenizada pelas seguradoras, ficando os prejuízos por conta das vítimas, já que o Estado, em última análise, o responsável pelo seu ressarcimento, não fará esse pagamento, aliás, como nunca o fez no passado. É verdade, há exceções e entre elas merece destaque o que aconteceu no litoral norte paulista, onde o Governo Estadual e a Prefeitura de São Sebastião agiram para minimizar os prejuízos suportados pelos moradores e diminuir a possibilidade de novos danos futuros. Até agora o país não sofreu nenhum evento isolado do tamanho das tempestades de maio de 2024 que atingiram o Rio Grande do Sul. Mas a soma dos prejuízos causados por todas as tempestades e secas que atingiram o Brasil ao longo do verão com certeza chega nos muitos bilhões de reais. E aqui, mais uma vez, a participação das seguradoras no ressarcimento das vítimas será irrisória, diante dos prejuízos sofridos por milhares de pessoas espalhadas por grande área do território nacional. As tempestades não fizeram distinção, nem respeitaram a velha e boa ordem meteorológica que determinava a época que cada região tinha seu período de chuvas e secas. Este ano teve de tudo em toda parte. Inclusive o Nordeste, que não costuma ter chuvas torrenciais no verão, ficou em baixo d’água, com Recife servindo de mostruário para o que vem pela frente. As chuvas, como fazem todos os anos, bateram forte em São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais, Espírito Santo e Santa Catarina. Ainda que não tenha acontecido nenhuma tragédia de proporções descomunais, a soma dos prejuízos causados por cada uma dessas tempestades, caindo quase que diariamente, atinge patamares importantes e, o que é mais grave, as principais vítimas são as pessoas mais vulneráveis, que, por falta de opção, acabam se instalando nas zonas mais sujeitas aos eventos climáticos mais rigorosos. A sociedade brasileira - que está longe de ser rica - este ano ficou vários bilhões de reais mais pobre. E a tendência é essa curva seguir crescendo ano a ano, em função do aumento dos prejuízos causados pelos eventos climáticos de todos os tamanhos que devem se abater sobre o Brasil. Em nenhum país do mundo o seguro é capaz de fazer frente, sozinho, às perdas dessa natureza. Mesmo nos Estados Unidos, o país com maior volume de prêmios de seguros, os prejuízos causados pelos recentes incêndios na Califórnia não foram integralmente suportados pelas seguradoras. Ao contrário, se espera uma longa batalha judicial antes da definição das indenizações. Mas isso não quer dizer que o Brasil não precisa implementar um amplo programa nacional para reduzir as perdas decorrentes dos eventos climáticos e, muito menos, que as seguradoras não sejam parte da solução. Publicado no SindsegSP, em 07 03 2025 ![]() ![]() |
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