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SEGURO E CARNAVAL
Acadêmico: Antonio Penteado Mendonça
Durante a folia os nós são afrouxados e a liberdade adquirida permite ousadias que não fazem parte do dia a dia da maioria das pessoas.

Seguro e carnaval

Há quatro mil anos operações semelhantes ao seguro moderno protegem as sociedades e a atividade humana. De acordo com os documentos mais antigos (tábuas de escrita cuneiforme encontradas na antiga Caldeia), a primeira ideia de proteção surgiu da necessidade de minimizar as perdas dos integrantes das caravanas que varavam a região para negociar em locais distantes de suas bases. Basicamente, a operação consistia na soma dos prejuízos da viagem e seu rateio proporcional entre os integrantes da caravana. Uma comparação com os seguros modernos mostrará que o princípio entre as duas operações é o mesmo. A divisão das perdas de um grupo de forma proporcional a participação de cada um. No seguro moderno, além da repartição simples das perdas, há também o pagamento do valor necessário para a constituição de um fundo de onde serão sacados os recursos necessários para pagar as indenizações dos segurados vítimas de eventos cobertos.

Essencialmente, a diferença entre o primeiro seguro e o seguro mais moderno é apenas a forma como os contratos são formulados, com a sofisticação atual reduzindo os produtos mais antigos a algo simples, mas da mesma forma eficiente. E esta eficiência deve ter como fim a proteção do indivíduo, ou seja, é o célebre “um por todos, todos por um” dos “Três Mosqueteiros”. A soma das contribuições individuais proporcional ao risco de cada um garante os recursos necessários para fazer frente as perdas que atingem alguns dos participantes do grupo. É o mutualismo a serviço da proteção social.

Proteção que ganha relevância em feriados prolongados, ainda mais com as características do carnaval. Carnaval é a liberdade levada a um patamar acima da rotina social. Durante a folia os nós são afrouxados e a liberdade adquirida permite ousadias que não fazem parte do dia a dia da maioria das pessoas. Tanto faz, no carnaval pode...quase tudo, desde que não se perca de vista que há limites que não podem ser ultrapassados, mesmo em quadra de estrema liberdade, ou franca libertinagem.

Essa é a marca registrada do carnaval. É ela que baliza o ritmo da festa e o comportamento das pessoas. Naturalmente, por conta da bagunça, o consumo de álcool e outras substâncias cresce e isso reduz a capacidade de controle de cada um. E mesmo que o cidadão não tenha bebido, o clima em volta aumenta a sensação de liberdade e diminui o autocontrole, dando chance ao azar e a possibilidade da ocorrência de um número maior de acidentes de todos os tipos.

É aí que o seguro entra nessa história e traz para a rotina dos dias de carnaval a segurança de uma garantia que, se não tem o dom de evitar o acidente, tem pelo menos as condições necessárias a minimizar as perdas decorrentes. O pagamento da indenização faz a diferença e protege a vítima do infortúnio, garantindo a ela o atendimento médico-hospitalar, o conserto do carro, o dano a terceiro, etc.

As seguradoras sabem que nestes dias a sinistralidade sobe, mas não é suficiente para desequilibrar sua operação. Ao contrário, é comum ver veículos e colaboradores das seguradoras operando nos locais de maior risco de acidente.

Em outras palavras, pode se dizer que o seguro é o melhor amigo do folião.   

Publicado no SindsegSP, em 28 02 2025



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