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Acadêmico: Betty Milan Candidata democrata deixou claro que acredita nos direitos das mulheres e pretende restaurar leis que facilitarão o aborto em todo os EUA
O caminho aberto por Kamala Harris Kamala Harris não nasceu ontem. Ocupa a cena com a força dos ancestrais imigrantes —mãe indiana e pai jamaicano. Concorre à Presidência dos Estados Unidos olhando para o outro concorrente —criminoso já condenado— com o olhar satírico da procuradora que foi durante 13 anos. Seu riso farto é sinônimo de esperança, por diferentes razões. Donald Trump, seu concorrente, quer concentrar mais poder na Casa Branca e paralisar o Congresso com o intuito de gastar mais dinheiro do que o aprovado para fazer o muro ("border wall") na fronteira dos EUA e construir campos de detenção para imigrantes. No debate de setembro com Kamala, ele elogiou o político que acabou com a democracia na Hungria, Viktor Orbán: "Um dos homens mais respeitáveis, forte ("tough") e esperto ("smart")". Os impulsos ditatoriais de Trump são mais do que evidentes. Ameaça perseguir advogados e doadores que sustentam a opositora. Ao contrário do republicano, Kamala é favorável a um controle do poder a cada quatro anos. O presidente não pode deixar de obedecer às leis, diz a candidata que representa a democracia. Já por isso, ela é sinônimo de esperança para todos —e o é particularmente para as mulheres. No seu primeiro comício como pré-candidata, deixou claro que acredita no direito das mulheres de tomarem decisões sobre o seu corpo sem a interferência do governo. As mulheres —assim como os homens— devem ter ou não filhos conforme o seu desejo. Kamala pretende restaurar as leis que facilitarão o aborto em todos os estados do país. Ainda são dez as unidades da federação em que o direito constitucional ao aborto não vigora. Em 67 países, a gravidez pode ser interrompida com até 12 semanas da gestação. Segundo a Organização Mundial da Saúde, as taxas de aborto são semelhantes em nações onde o procedimento é legal e em países onde não o é. Nestes, o aborto é frequentemente praticado de forma danosa por mulheres pobres, com sequelas graves –perfuração do útero, peritonite e septicemia. Hoje, ninguém ignora que a legalização do aborto se impõe por ser uma razão de saúde pública. O fenômeno Harris abre para as mulheres uma via nova. Outras quererão ocupar o cargo máximo nos seus países. Como, de um modo geral, elas são mais predispostas à negociação, haverá um equilíbrio maior. Por darem a vida, as mulheres tendem a proteger os filhos e desejam um futuro sem guerra e sem a destruição do planeta. A fim de se tornar viável, o mundo precisa apostar nelas. São as mães que mais lutarão para evitar a guerra, o extermínio, a mutilação dos seus. São elas que mais podem pelos homens, ensinando-lhes a contenção sem a qual a paz não existe. A disputa atual para a Presidência dos Estados Unidos é a mais acirrada dos últimos 60 anos. Contrariamente ao que se passou, neste período nenhum candidato teve uma vantagem maior do que cinco pontos nas pesquisas. A diferença entre eles aumentaria se o candidato republicano tivesse aceitado o convite da CNN para um segundo debate com a democrata neste mês. Tendo sido vencido no primeiro, ele alegou que é "demasiado tarde". Publicado no jornal Folha de S. Paulo, em 07 10 2024 voltar |
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