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Acadêmico: Antonio Penteado Mendonça O que aconteceu é que a indústria decidiu investir em carros mais caros, tanto que, dos 4 modelos na casa dos 20 mil dólares, comercializados até pouco tempo atrás, agora sobraram apenas 2.
O Estado de S. Paulo do dia 22 de maio trouxe uma matéria muito interessante sobre a realidade do mercado de automóveis novos nos Estados Unidos. O primeiro aspecto que deve ser ressaltado é a semelhança entre o que acontece lá e o que acontece aqui e que tem, inclusive, levado o governo a pretender ressuscitar o velho e bom carro popular, quase que numa repetição do “Fusca do Itamar”, que na época não girou e que hoje tem menos chances ainda de dar certo. Não há milagre debaixo do sol ou, se há, é mais complicado do que pretender baixar o preço, facilitando a comercialização, seja através de vantagens para as montadoras, seja reduzindo os impostos sobre o bem, o que onera a sociedade. O que enfraquece essa política é que tanto faz se aqui, nos Estados Unidos ou na maioria dos países do mundo os veículos zero quilômetros estão custando mais caro, basicamente pela mesma razão: fabricá-los está custando mais caro. O preço médio de um automóvel nos Estados Unidos em 2022 foi de 48 mil dólares. Quase 200 mil reais. Muito mais caro do que o preço do veículo médio brasileiro. Essa realidade está afastando do carro zero inclusive compradores com boa situação financeira, empregos bem remunerados e uma baixíssima taxa de desemprego, o que lhes daria a certeza do emprego por um período suficiente para pagar as prestações. Acontece que os juros também subiram e a prestação média de um carro zero quilômetro saltou de 630 para mais de 700 dólares por mês. É uma despesa pesada para a classe média baixa e completa o círculo de dificuldades para a compra de carros zero quilômetros no paraíso do automóvel. O que aconteceu é que a indústria decidiu investir em carros mais caros, tanto que, dos 4 modelos na casa dos 20 mil dólares, comercializados até pouco tempo atrás, agora sobraram apenas 2. E não há nada que indique que novos carros nessa faixa de preço estejam nos planos das montadoras. O resultado é que as montadoras americanas, em 2022, na comparação com 2019, fabricaram um número significativamente menor de veículos (13 milhões contra 17 milhões), mas tiveram um faturamento 15 bilhões de dólares maior, ou seja, melhoraram os seus resultados. Se houvesse mais veículos na casa dos 20 mil dólares e juros mais baratos, provavelmente haveria mercado para eles, mas os americanos estão preferindo carros mais sofisticados, especialmente os SUVs, e é nesse segmento que a indústria está investindo. Guardadas as proporções, o que se vê no Brasil é bastante parecido. Nós também temos apenas 2 modelos na faixa de entrada e os compradores também estão preferindo os SUVs, ainda que a maioria custe mais de 100 mil reais, o que limita o número de interessados potenciais. Seja como for, o cenário atual tem impacto no seguro de veículos. Tanto lá como aqui deve haver o aumento do preço médio do seguro de veículos, da mesma forma que deve acontecer o aumento do valor médio das indenizações pagas. Afinal, os seguros de bens mais caros custam mais caro e a regra também vale para as indenizações. Publicado no site do SindsegSP, 26 de maio de 2023. voltar |
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