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AMEAÇAS REAIS
Acadêmico: Antonio Penteado Mendonça
Ninguém tem dúvida de que as mudanças climáticas vieram para ficar. Ano a ano, a intensidade dos eventos aumenta, bem com a frequência. E quem paga a conta é o ser humano instalado na rota dos grandes cataclismas, invariavelmente porque não tem outro lugar para morar.

Ninguém tem dúvida de que as mudanças climáticas vieram para ficar. Ano a ano, a intensidade dos eventos aumenta, bem com a frequência. E quem paga a conta é o ser humano instalado na rota dos grandes cataclismas, invariavelmente porque não tem outro lugar para morar.

A se manter o ritmo atual, em 2050 várias cidades poderão estar debaixo d’água. Esse é o dado que ainda não chamou a atenção do grande público, mas ele é real e o início pode ser visto em várias partes do mundo, inclusive no Brasil, onde Santa Catarina e, para quem quiser uma praia mais próxima, a praia do Tombo, no Guarujá, já sentem os efeitos devastadores das novas marés, mais altas e mais fortes, em relação ao passado recente.

O problema é que em 2050, se não fizermos nada para mudar o quadro, os estragos não serão uma ou outra casa, ou mesmo uma praia engolida pelo mar. Cidades do porte de Barcelona, Nova Iorque, Londres, Rio de Janeiro poderão ter áreas importantes tomadas pelas águas. Para não falar em Veneza, que já está sujeita a inundações em todas as épocas do ano e não mais no outono e no inverno.

Faz algumas décadas que as seguradoras estudam os impactos climáticos e suas consequências para a humanidade. E os resultados dos trabalhos realizados nos melhores centros de pesquisas, com a assinatura dos maiores especialistas, infelizmente pioram de ano para ano. Até agora, as medidas adotadas, ou ditas adotadas, têm se revelado insuficientes para deter a deterioração ambiental e a elevação da temperatura. O problema é que o processo não pode ser interrompido do dia para a noite. É um caminho longo, que já devia estar sendo trilhado com mais empenho do que aconteceu até agora.

É difícil dizer o que é pior: se uma tempestade que devasta uma cidade, se uma seca com duração de vários anos, que impede a produção de alimentos, ou se a elevação do nível do mar e a submersão de vastas áreas urbanas. Nenhum dos casos é simples e com certeza, para as pessoas atingidas, tanto faz em que modelo, o pior quadro é o que as afeta diretamente.

Aí surge um novo problema. Uma das únicas formas de minimizar as perdas geradas por esses fenômenos é a contratação de seguros. As seguradoras não têm capacidade para fazer frente à totalidade dos prejuízos causados pelas mudanças climáticas, mas elas conseguem assimilar parte das perdas, minimizando os prejuízos das pessoas atingidas.

Acontece que a maioria das populações em risco está nos países pobres ou em desenvolvimento, que não contratam seguros. Ao contrário do que acontece nos países ricos, onde as seguradoras assumem bilhões de dólares em indenizações, nos países menos desenvolvidos quem morre com a conta são as vítimas das tragédias, já que os governos agem lentamente e invariavelmente em operações pouco eficientes. Para quem tem dúvida é olhar as medidas – ou a falta de medidas – adotadas pelas diferentes instâncias de governo diante das tempestades que neste verão devastaram importantes áreas do Brasil.



Publicado no jornal no jornal O Estado de S. Paulo, 18 de abril de 2022.



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