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A ESPERANÇA, A ESPERA DE SEMPRE
Acadêmico: Luiz Carlos Lisboa
Cresce e domina todos os destaques da mídia no mundo, a preocupação do nosso tempo com a pandemia. Essa que envolve a todos e fere com força o Brasil.

Cresce e domina todos os destaques da mídia no mundo, a preocupação do nosso tempo com a pandemia. Essa que envolve a todos e fere com força o Brasil. Acima de toda a aparência, por trás e além da agitação política, paira em toda parte o comportamento humano que é produto do temperamento, do hábito e da dúvida que tudo abarca, comanda e inspira.

Às vezes, no frenesi permanente do noticiário, parece que nós humanos, nós brasileiros, também fomos escolhidos pela vida para lidar com as grandes transformações. É quando o sofrimento alheio nos toca, e abre espaço à compaixão e ao entendimento. Com um pouco de sorte, isso às vezes nos presenteia com a lucidez.

Sabemos bem, quando adequadamente nos servimos da memória, sabemos que na vida damos a volta por cima nos piores conflitos, assim como nos esquecemos da mais cruel das guerras e nos calamos diante das maiores desigualdades. Para conquistar a isenção e a clareza, se contarmos com um pensar e um falar bem intencionados, vamos por certo em busca da justiça em nossos julgamentos.

A história do homem na Terra é feita de quedas, de fracassos e, mais forte que tudo, de recomeços. A humildade de recomeçar é, e será então, um exercício diário. Aí precisamos de energia e de cautela, recusando a mania da contestação pelo simples hábito da polêmica.

Um pouco de vazio e de sabedoria se misturam em nosso ouvido de homens comuns. O vazio da meditação e da dúvida serena. A sabedoria dos que nem sabem o que é sabedoria, tal como no Zen. E isso é o que nos mantém secretamente ligados ao mundo real e acende no coração a chama da esperança. Somos pouca coisa e somos muita coisa, depende do estímulo e da qualidade do encorajamento. E aqui lembramos da convocação antiga que diz que a esperança “dá ao homem o dom de suportar o mundo”.

Porque os fracassos doem em nosso coração, deixa em nós um resíduo que não quer se apagar. O fracasso tem a marca de um momento, de um peso que nos prende até a gente perceber que ele não é mais do que uma lenda.

Poetas, psicólogos, conselheiros, pastores de diversa fé, simples passantes, amigos, às vezes têm esse dom de perceber o que foi esquecido, e de contaminar o que ainda não foi tocado. Homens que se fiam só nos próprios argumentos, quando até o bom senso briga com eles.

Essa gente do bom senso é pouco numerosa, como foram os pioneiros de todas as épocas. E não seria a primeira vez, entre nós, que uma calamidade como essa da Covid-19 marque o início de uma época, ou de uma transformação. Em que a democracia será mantida e a justiça vai prevalecer. Aquele tipo de mudança que às vezes pede sacrifício, paciência e humildade, para afinal realizar o que algumas religiões e uma variada filosofia não conseguiram completamente até hoje. Embora elas já tivessem iluminado por muito tempo o seu caminho, o seu próprio caminho.



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