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CONSEGURO 2019
Acadêmico: Antonio Penteado Mendonça
"São tempos interessantes, mas é neles que as decisões devem ser tomadas, os planos estratégicos formulados e as ações para sua consecução implementadas. A grande pergunta é: como fazer isso?"

Uma maldição chinesa é desejar que o desafeto viva em tempos interessantes. São invariavelmente os mais difíceis. Portanto, se você não gosta de alguém, nada melhor do que vê-lo viver em tempos interessantes.

Pois é, o Brasil está vivendo tempos extremamente interessantes, para o bem ou para o mal. Os números são complicados de serem lidos. O desemprego caiu um pouco, mas do outro lado o setor de serviços despede mais do que contrata. A indústria está sucateada e, sem investimentos pesados, tem poucas chances de ser de novo competitiva no cenário internacional. O comércio anda de lado. O agronegócio carrega parte da conta nas costas, mas é demonizado como se os agricultores fossem agentes do mal. O Governo diz que vai injetar dinheiro na economia, mas fala mais do que faz. O Presidente não consegue ficar quieto e fala mais do que deve, etc.

De outro lado, a reforma da previdência deve passar sem cortes que a descaracterizem. TAG e BR Distribuidora foram privatizadas. O Governo, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil saíram do IRB Brasil Resseguros. A taxa Selic nunca esteve tão baixa. A reforma tributária começa a ser discutida para entrar em pauta logo depois da reforma da previdência, etc.

É um cenário complicado, que só reforça a velha máxima de que "o Brasil não é para amadores". Se este ano as projeções de crescimento foram sendo reduzidas para quase zero, para o ano que vem, perto do que está acontecendo, elas são otimistas. E não há análise em que a inflação não permaneça baixa.

São tempos interessantes, mas é neles que as decisões devem ser tomadas, os planos estratégicos formulados e as ações para sua consecução implementadas. A grande pergunta é: como fazer isso?

E como fazer isso levando em conta as tipicidades de cada setor econômico? Não dá para imaginar que o que é correto para um será o melhor para todos. Cada atividade tem suas peculiaridades, o que quer dizer que nem sempre o que é bom para uma empresa é o mais eficiente para outra, ainda que atuando em ramos semelhantes. Pode ser ou pode não ser. Depende de toda uma série de circunstâncias que tornam cada negócio único, sujeito a variáveis exclusivamente suas, que, se não forem consideradas, podem comprometer o seu futuro.

Ao longo dos últimos vinte anos, o setor de seguros esteve entre os que mais cresceram no país. Mesmo no período em que a crise pegou pesado, o desempenho das seguradoras e dos corretores ficou acima da média nacional.

Mas isto não quer dizer que todos se deram bem. Muita gente perdeu dinheiro, muita gente perdeu mercado e, ainda que não tendo nenhuma quebra de seguradora, um bom número de empresas viu seu negócio ser abalado, em primeiro lugar pela própria crise e, em segundo, pelas mudanças que vão chacoalhando o mundo e que dão ao futuro boas chances de ser um tempo mais interessante ainda.

A CONSEGURO 2019 pretende discutir isso. Com o mote "Novas Fronteiras do Desenvolvimento", o evento promovido pela CNSeg (Confederação Nacional das Seguradoras), que acontece nos dias 4 e 5 de setembro, em Brasília, tem na pauta a análise e a discussão de temas estratégicos, gerenciais e pontuais que podem afetar o setor de seguros como um todo e cada agente em particular.
Em época tão pouco clara como os dias atuais, participar da CONSEGURO é uma forma de se atualizar e definir os limites para a utilização das ferramentas de cada empresa dentro de um cenário potencialmente positivo, mas certamente disruptivo.

Questões como investimentos em infraestrutura, relações público-privadas, sustentabilidade, diversidade, parcerias, compartilhamento, seguros inclusivos, programas de proteção social, novos direitos do consumidor, além de temas afetos ao negócio de seguros, como garantias, gestão, atuária, educação profissional, previdência, canais de comercialização, etc., serão debatidos em vários painéis e eventos paralelos por especialistas e profissionais que exporão seus pontos de vista para a busca das melhores soluções. Participar é uma maneira importante de se preparar para o futuro.

Antonio Penteado Mendonça é advogado, jornalista, cronista, primeiro secretário da Academia Paulista de Letras, articulista do Estadão e comentarista da Rádio Estadão.

Publicado no jornal O Estado de São Paulo hoje, 19 de Agosto.



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