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O LICEU QUE ESCAPOU POR UM TRIZ DE SER FECHADO.
Acadêmico: Paulo Nathanael Pereira de Souza
"Isso me faz lembrar que, no século passado, houve uma tentativa de encerramento de atividades do Liceu Pasteur, simplesmente porque o seu sistema didático repousava no bilinguismo (francês/ português), o que supostamente estaria vedado pela Constituição Federal."

Leio na edição de 1º de março passado do jornal “O Estado de São Paulo”, que o Liceu Pasteur e o Lycée iniciaram um processo de fusão. Isso me faz lembrar que, no século passado, houve uma tentativa de encerramento de atividades do Liceu Pasteur, simplesmente porque o seu sistema didático repousava no bilinguismo (francês/ português), o que supostamente estaria vedado pela Constituição Federal.

Quem inventou essa conversa toda foi uma senhora, que na época inspecionava o estabelecimento e cujo nome me dispenso de enunciar. Amiga de um velho general, que eu também conhecia, fez ela uma dupla acusação sobre o Liceu: uma ao general em questão, que Presidia o Conselho Nacional de Educação Moral e Cívica, e outra ao Co nselho Estadual de Educação, que abriu um processo de investigação sobre o caso. Falou-se muito, então, na possibilidade de ser encerrado o funcionamento da escola.

Integrava eu o Conselho Federal de Educação e me encontrava em Brasília, quando recebi a visita de dois queridos amigos, o Pedro Cassab e o José Maria Homem de Montes, ambos membros conselheiros do Pasteur. Foram pedir ajuda ante a iminência da interdição do colégio.

Procurei, no Itamarati, o Francisco de Assiz Grieco (filho do crítico literário Agripino Grieco), de cuja amizade gostosamente desfrutava, e cujo cargo no ministério era de diretor cultural, para expor-lhe o problema e pedir-lhe algum tipo de ajuda. Eis que, em meio à conversa, ocorreu-me a ideia, segundo a qual, as escolas estrangeiras em funcionamento no Brasil que fossem fruto de acordos culturais, deveriam ser fiscalizadas pela União, e não pelos Estados, como constava da LDB. O Francisco apoiou a tese e levou-a à apreciação do chanceler à época, o Silveirinha, como era conhecido, o qual imediatamente discutiu-a com o presidente da República, que também a encampou. De tudo isso nasceu o decreto que salvou o Liceu Pasteur, eis que toda a encrenca estava limitada à inspeção est adual! Quanto a mim, fui duplamente condecorado pelo governo francês, com a Ordem Nacional do Mérito (concedida pelo presidente Giscard d’Estaing) e a Legião de Honra (atribuída pelo presidente François Miterrand). Eis aí uma história que a história não conta!

*Educador e Ex-Presidente do Conselho Federal de Educação.



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