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MISERICORDIOSOS COMO O PAI
Acadêmico: Dom Fernando Antônio Figueiredo
Lc 6,27-38 Misericordiosos como o Pai

Suprema epifania do incomensurável amor de Cristo: Ele dá não só algo, mas sua própria pessoa para a salvação dos homens. Projeto de liberdade. Superam-se as fronteiras de raça, de preconceitos, em favor da reconciliação e da justiça, do amor e da comunhão, que resultam, como consequência inelutável, a solidariedade humana e o diálogo entre os povos, uns com os outros.

Deus é conhecido, não apenas sob a veste do Bem, enquanto objeto da vontade, nem sob a veste do Verdadeiro, enquanto objeto do intelecto, mas como fonte inesgotável de conhecimento e de amor, perfeição última, que cresce em nós, indefinidamente, segundo S. Gregório de Nissa, “agora e por toda a eternidade”.

Por conseguinte, a missão dos homens de boa vontade, na Igreja e no mundo, consiste em envidar todos os esforços possíveis para se chegar à Pátria, não mediante a revolução, compreendida como reação dos oprimidos contra os opressores, sem nada criar de definitivo, mas através do amor, que, qual luz, vinda do alto, é o nosso “nascer em Deus”, pois o diz S. João: “Quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele” (1Jo 4,16).

É maravilhoso! O amor, em seu florescimento, humaniza! Ele é força de união, que permite reconhecer o “próximo” no outro; melhor, colocar-se na condição de fazer-se “próximo” dos outros.

Estabelece-se, assim, uma verdadeira comunhão com os membros da família ou da própria raça, também com todas as demais pessoas, mesmo com os próprios inimigos, pois, para Jesus, não há quem Ele não ame. Então, para além da fé e da esperança, que hão de passar, cada um reconhece que pode chegar à sua plena realização, na medida em que remove, de sua consciência e vida, o que o separa dos outros.

Exatamente, quando alguém se relaciona com outras liberdades e acolhe conscientemente o outro, ele é introduzido na esfera espiritual do amor divino e tem a experiência de Deus como intimidade: última e decisiva “passagem” ao amor-relação, que concretiza as palavras de Jesus: “Amai-vos uns aos outros assim como eu vos amei”.

Por conseguinte, vencida a tensão entre a unidade de Deus e a nossa condição de criatura, que nos impede de viver, desde já, a unidade, passamos a anunciar uma espiritualidade que é, ao modo de ser de Cristo, comunhão com todas as criaturas: dá-se o encontro consciente com Deus, no qual, desde agora, segundo S. Atanásio, “somos divinizados”, ou seja, tornamo-nos participantes da unidade do Deus Trino.

+Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM




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