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VOTANDO COM O INCONSCIENTE
Acadêmico: Luiz Carlos Lisboa
"Freud gostava de dizer que os filósofos e os poetas foram os verdadeiros descobridores do inconsciente."

Freud gostava de dizer que os filósofos e os poetas foram os verdadeiros descobridores do inconsciente.

Apesar de tudo mais que ele nos revelou a respeito, teima a resistir em nós, homens comuns, a ideia vaga mas teimosa de que somos senhores da vontade e iluminados conhecedores da realidade. Nunca nos passa pelo espírito duvidar das escolhas que nos apressamos a fazer. Por que esta cor e não outra? Por que este time de futebol e não outro, ou nenhum? Agora, por exemplo, quando outra vez somos chamados a fazer uma escolha aquela do homem e do grupo que vão comandar o País em que vivemos, palpita em nosso peito a certeza de que será possível acertar em cheio, porque no fundo sabemos discernir.

Bolsonaro não para de crescer. Por quê, perguntam seus adeptos com um sorriso e seus adversários com amargor? É impossível saber ao certo, mas é razoável especular em torno de alguns dados que temos à mão. De começo, entramos naquela zona de conforto da chamada vida militar. Os homens fardados são regidos por disciplina, algo de que estamos distantes há muito tempo e da qual fomos ensinados a desconfiar. Disciplina e liberdade são antagônicas, há quem diga. Mas serão mesmo?

Bolsonaro é um dos mais jovens candidatos, aparenta dizer a verdade nua e crua, não escolhe palavras como um diplomata, não repete as velhas promessas do pessoal dos velhos partidos, exibe uma valentia pessoal que definhou entre o povo desde que prosperou o crime organizado, mostrou resistência a novas fórmulas e indiferença ao bom-mocismo que se exibe. Seu vice é um general. Os civis estão um pouco “aguados” com tanta denúncia de corrupção. A intervenção no Rio evidentemente não acabou com a bandidagem, mas a seriedade dos que lidam com o problema ficou evidente.

Bolsonaro teve formação militar e isso basta para um povo cansado das surradas promessas, da linguagem oposicionista e da hipocrisia dos políticos em geral. A ditadura militar no Brasil desgastou a imagem do soldado incorruptível? Talvez temporariamente, na medida em que um governo forte apressa a desilusão dos governados, mas agora, decorridos longos anos de corrupção parlamentar e partidária da vida pública no País, os militares de 1964 parecem anjos salvadores, malgrado a lamentação de aparência democrática sempre repetida pela esquerda. São as qualidades atribuídas ao soldado que os eleitores passaram a ver na candidatura de Bolsonaro. O antipetismo e o c onservadorismo, apontados por alguns especialistas como motivo da projeção do nome do antigo capitão, são insuficientes como argumento. É a imagem algo distante mas consistente do soldado, oposta à tentação populista, à demagogia, à desordem e à instabilidade, o que dá vida à mudança, alma de toda verdadeira revolução.





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