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Acadêmico: Roberto Duailibi "Seu livro começa com uma frase de Clarice Lispector que indica quase tudo num único trecho: A trajetória não é apenas um modo de ir, a trajetória somos nós mesmos..."
Eu e Daniel Nasta nos conhecemos há tantos anos que já perdi a conta. Deve ser coisa de meio século. Hoje não há mais amizades desse tipo, sem pretensões nem interesses, a não ser o da admiração e da convivência. Esse seu novo livro, “O que o Mundo Ensina”, é um trabalho que não para de nos passar mensagens de uma trajetória que poderia, modificados os exemplos, ser a de muitos publicitários latino-americanos que no final dos anos 60 se aventuraram por esse mundo difícil da propaganda. Nasta, assim como eu, nos tornamos pioneiros e acabamos ajudando a construir um mercado sólido e de verdade. Seu livro começa com uma frase de Clarice Lispector que indica quase tudo num único trecho: “A trajetória não é apenas um modo de ir, a trajetória somos nós mesmos...”. É assim o livro do meu amigo Nasta. É uma lição de como viver e enfrentar adversidades, beirando a autoajuda, a mostrar caminhos pela experiência dele, pelo jeito que ele viu o mundo nesses anos todos. São seus olhos e memória a nos guiar ao longo de 50 anos. Nasta mostra como atrair e motivar pessoas, administrar conflitos e clientes, como e quando tomar decisões. Nasta é paraguaio por opção, fala do seu nascimento como argentino durante a rápida visita de sua mãe grávida a um parente, mas termina por demonstrar apego a muitos lugares, com destaque o Brasil. Mas a vida o conduziu por tantos lugares que ele se tornou um homem globalizado, mundial. Desde sua infância até a transformação no grande executivo do Grupo Texo, ele conta suas primeiras experiências, trabalhos, encontros e influências. Tudo sem perder de vista o fato de ser imigrante árabe, sua essência, muito marcante na figura do pai, mais sonhador, e da mãe, mais racional. Nasta levou sempre a ferro os conselhos do pai para não se esquivar do aprender. As palavras do senhor Rafael certamente o guiaram, seguiram e apontaram os melhores caminhos. Esse lado sonhador, até lúdico de ver a vida, está no livro, sobretudo a partir da fundação da Nasta, em abril de 1968, apenas três meses antes da fundação da DPZ no Brasil. Talvez por isso nossos caminhos sejam tão próximos e tenham se cruzado tantas vezes. Nasta, em resumo, é a razão materna e a emoção paterna, numa fórmula que o transformou num dos seres humanos mais gentis, criativos e bem-sucedidos que conheci. Digamos que sua fórmula deu muito certo. Anos antes, em 62, ele conta com carinho especial da chegada ao Rio de Janeiro, da Bossa Nova, de Copacabana, da admiração que sempre teve pelo país e pelos brasileiros. E fala em vários trechos em meu nome e dos meus sócios, da maneira carinhosa como sempre foi tratado e das portas abertas que sempre encontrou. Diz que sempre recebeu esse carinho que só aos grandes cabe oferecer. Palavras imensas em tamanho e sentimento, que me levam a suspeitar se de fato as mereço. Fiquei, confesso, emocionado pelas mesuras, que nem sei se as abarco. Mas o certo é que nesses 50 anos a recíproca sempre foi verdadeira. Nós da DPZ também sempre nos admirávamos com a capacidade de renovação e criação que Daniel Nasta promovia em suas empresas, até chegar ao Grupo Texo. Ele cita no livro os caminhos que trilhou, sempre aproveitando o melhor das ideiais e as boas relações que cultivou ao longo desse tempo todo, não apenas conosco, da DPZ, mas com Mauro Salles, Washington Olivetto, Enio Mainardi, Martin Sorrell. A importância da atividade publicitária em todo o tempo está destacada, assim como a transmissão de seus ensinamentos às novas gerações, aos jovens que pretendem dedicar-se a seguir no mesmo rumo. Nasta narra episódios pitorescos, outros engraçados, outros históricos, como o assédio que recebeu para ser marqueteiro político de alguns líderes latino-americanos, como Hugo Chavez, da Venezuela. Ele transmite na verdade a sua forma prática de ver o tema: É certo que os que entraram por esse veio ganharam rios de dinheiro, mas não se mistura propaganda e marketing político. No que concordo plenamente e assino sua frase “há de se reconhecer os limites”. Daí fica claro para mim o que move a nossa causa e profissão e que certamente também induz Nasta na mesma vertente e direção: Ser feliz não é só pensar em dinheiro, ganhar dinheiro e fortuna como que se faz em muitas agências. Primeiro é preciso ter paixão, o gosto verdadeiro, a vontade de fazer boa propaganda. O seu livro é, por tudo isso, um jeito de dizer obrigado, de agradecer, de homenagear a todos que de alguma maneira contribuíram para que ele chegasse onde chegou. Faz isso por uma forma leve de escrever, de fácil compreensão e com muitos diálogos transcritos, numa narrativa informal que dá ao leitor a vontade e curiosidade de logo passar a outro tema. Mais que isso, o livro permite saltear capítulos, ir ao final, retornar ao meio do livro ou início, sem prejuízo do fio condutor da história de vida e profissional de Daniel Nasta. Me emocionei de novo quando ele se referiu aos dogmas da DPZ para fazer propaganda, baseando nosso trabalho em Verdade, Originalidade, Bom Gosto Criativo e Ética nos Negócios. Acho que exercemos boa influência sobre o Daniel e sua forma de fazer propaganda também. Das suas paixões destacam-se os Beatles, Tom Jobim, Tony Bennett e, tal qual os brasileiros, o futebol. Li o livro com a velocidade de quem quer saber mais, com o carinho de quem admira o autor, com a seriedade e atenção de quem gosta de uma boa narrativa e admira mais que tudo a trajetória de um grande profissional. Fica evidente o sucesso, transmitido agora de pai para filhos e claro para as novas gerações de publicitários latino-americanos. Sim, esta é uma leitura obrigatória a todos aqueles que querem começar, assim como fizemos nós e meu amigo Daniel um dia, uma carreira no meio publicitário. Até porque o Daniel Nasta, para mim não é paraguaio, nem americano, nem argentino, nem brasileiro. É um cidadão do mundo. voltar |
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