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O BRASIL PRECISA DO SEU OTIMISMO
Acadêmico: Roberto Duailibi
"É preciso que se reconheça que a economia começa a ir bem de novo. É um movimento lento, é como tentar reverter a trajetória de um transatlântico. Demora, as manobras são lentas, mas devagarinho se retoma o ritmo e a marcha garante a rota novamente."

Um dos maiores frasistas de todos os tempos, Winston Churchill dizia que “o pessimista vê dificuldade em cada oportunidade, o otimista vê oportunidade em cada dificuldade”. Sem entrar no mérito da crise política, da continuidade e apurações em torno de casos de corrupção, um assunto que cabe à Justiça, constato com muita alegria que a economia, de uns meses para cá, dá sinais de ter-se descolado da crise. Ou seja, seguem os embates políticos, mas os indicadores econômicos começam a reagir. Os empresários, cansados de tanta notícia ruim, resolveram arregaçar as mangas e, até por sobrevivência, voltaram a girar a roda.
Acompanho a conjuntura e o noticiário político sempre com grande interesse, como deveriam fazer todos os cidadãos. Por isso tenho sido otimista em relação aos indicadores econômicos. O desemprego está caindo, a inflação contida, a taxa de juro baixíssima, o que estimula o investimento produtivo. Não temos crise cambial, nem problemas de reservas. Para melhorar ainda mais o cenário, as exportações e as contas externas estão num dos melhores desempenhos dos últimos anos.
Ou seja, a situação não pode ser ignorada. É preciso que se reconheça que a economia começa a ir bem de novo. É um movimento lento, é como tentar reverter a trajetória de um transatlântico. Demora, as manobras são lentas, mas devagarinho se retoma o ritmo e a marcha garante a rota novamente.

Claro que há o imenso déficit público, a necessidade de reformas, os riscos de surgimento de novos impostos. Tudo isso precisa ser solucionado. O Legislativo e o Executivo precisam encontrar depressa o bom senso em torno desses problemas e, desta forma, garantir o combustível para que a máquina não pare.
Mas como se explica essa retomada? As pessoas estão cansadas de ver notícias ruins, cansadas de esperar. Há uma multidão de desempregados e muitos partiram para empreendimentos próprios. Pequenos negócios estão surgindo. A própria evolução da emissão de certificados digitais atesta isso. O setor cresceu 10% recentemente, o que significa o surgimento de novas empresas. Ao mesmo tempo, os grandes grupos vão aos poucos percebendo que não dá simplesmente para ficar de braços cruzados esperando pelo fim da crise.
Para melhorar ainda mais esse cenário, teremos este mês a Black Friday. Com preços convidativos e demandas de consumo represadas, o evento promete ser um dos melhores de todas as edições. Depois vem o Natal, com movimentação do comércio, empregos temporários, clima positivo. Tudo isso vai nos abrindo novas perspectivas, vai alimentando a fornalha da economia e elevando a curva de crescimento.
Muitos dizem que o movimento está lento demais. Concordo, mas acho mais prudente. Um solavanco agora poderia ser altamente danoso para a saúde da economia. Gradativamente se vai corrigindo defeitos de trajetória e se constrói um cenário mais robusto e duradouro.
Para esse movimento, naturalmente, é preciso que o governo esteja atento. As liberações do FGTS ajudaram, assim como as do PIS. Aumentar a oferta de dinheiro no mercado permite movimentar o comércio, saldar dívidas e habilitar pessoas novamente para o crédito. Mas, apesar das oposições, é necessário adequar os gastos públicos ao tamanho da arrecadação.

Tudo isso tem feito as vendas de carros crescerem, levam ao aumento das compras de bens duráveis e ampliam a procura por imóveis. Muitas imobiliárias já têm comentado que o movimento de clientes, devagarinho, está sendo retomado. Esse novo cenário deve ser seguido de uma onda de otimismo. As pessoas não podem simplesmente se digladiarem nesse Fla Flu interminável. É preciso parar de fazer análises de forma simplória, que escolhe entre um lado e outro. Isso não é como escolher um time de futebol. A opção é ser otimista, apostar num futuro melhor e deixar que a Justiça se encarregue das coisas da Justiça e as urnas das coisas das urnas. Cada coisa no seu devido tempo.


Roberto Duailibi é publicitário e membro da Academia Paulista de Letras



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