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Acadêmico: Antonio Penteado Mendonça "De acordo com agências especializadas os prejuízos causados pelos furacões Harvey e Irma devem ultrapassar a casa dos 200 bilhões de dólares. É a primeira vez na história dos Estados Unidos que dois furacões de categoria 4 atingem o país na mesma temporada."
De acordo com agências especializadas os prejuízos causados pelos furacões Harvey e Irma devem ultrapassar a casa dos 200 bilhões de dólares. É a primeira vez na história dos Estados Unidos que dois furacões de categoria 4 atingem o país na mesma temporada. Também é a primeira vez que a casa dos 200 bilhões de dólares é atingida. Os prejuízos são colossais e terão uma série de consequências para a vida do país, para as vítimas, para as seguradoras e para o governo. Mas, curiosamente, os resultados não serão os mesmos para todos e a conta final, apesar da tragédia, terá o dom de acelerar o crescimento da economia norte-americana no último trimestre do ano. Um otimista diria que há males que vêm para o bem. Que se não fossem os dois furacões a economia continuaria patinando, mas que, graças a eles, e a necessidade da reconstrução de vastas áreas atingidas, o cenário será melhor e o aquecimento da economia se acentuará, com o consequente aumento do número de empregos e o aumento do consumo. As perdas gigantescas serão parcialmente suportadas pelas seguradoras o que permitirá ao país manter seus planos de investimento, sem a necessidade de realocações de recursos em função dos prejuízos causados pelos dois furacões. A transferência de parte dos prejuízos para o mercado segurador não tem nada de novo nos Estados Unidos. Faz parte das regras do jogo e as seguradoras sabem no avesso como calcular seus prêmios e pulverizar os riscos de forma a mantê-las saudáveis e operantes, apesar das indenizações pagas por elas. É sempre bom ter claro que o negócio da seguradora é aceitar os riscos de seus segurados e que isso pressupõe o pagamento de um determinado número de indenizações todos os anos. Se a seguradora calcular o risco de forma correta, tanto faz o tamanho da indenização, ela não será abalada pelo seu pagamento. Para o norte-americano não receber a indenização de um sinistro coberto seria a mesma coisa que comprar um computador e a loja não entregar. Por isso as seguradoras, desde o primeiro aviso da chegada de um furacão, tomam todas as providências necessárias para agirem rapidamente, após a sua passagem. Elas montam verdadeiras operações de guerra para estarem atendendo seus segurados o mais rapidamente possível. É que bom atendimento significa clientes satisfeitos e isso é a melhor propaganda para atrair novos segurados. As seguradoras não têm medo de no ano que vem voltarem a pagar bilhões de dólares em indenizações. Mas elas começam a se preocupar com dois dados relativamente novos: o aumento da frequência dos eventos climáticos e o aumento do valor dos prejuízos causados por eles. As razões na base do novo quadro são conhecidas e passam pelo aquecimento global e pelo adensamento populacional em áreas mais sujeitas a eventos devastadores, como foram os dois furacões que atingiram, respectivamente, o Texas e a Flórida. Um dado interessante é que as indenizações de seguros na Flórida podem ser mais altas do que no Texas. É que no Texas parte importante dos danos foi causada pelas inundações e, por este risco lá ser baixo, muitos moradores não contrataram seguros para ele. As cenas mostradas pela televisão foram arrepiantes. Mesmo em Miami, que não foi diretamente atingida pelo furacão, os danos atingiram patamares elevados, em função dos ventos fortes que varreram a região. Mas mais a impressionante são as fotos comparativas de como era e como ficaram algumas ilhas do Caribe que estavam na rota da tormenta. Ainda é cedo para dizer com certeza como os governos e o setor de seguros vão tratar a nova realidade climática e os danos de todos os tipos que ela pode causar. Em função da magnitude dos prejuízos, nem todos os riscos poderão ser transferidos para as seguradoras. Mas deixá-los inteiramente com os governos é repetir os erros cometidos pelos países em desenvolvimento, como o Brasil. Assim, é de se esperar uma ação conjunta, dividindo de acordo com cada realidade a responsabilidade pelo pagamento das indenizações. voltar |
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