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A RETOMADA DA ECONOMIA
Acadêmico: Roberto Duailibi
"O certo é que a crise é bem maior do que se supunha, as maquiagens que encobriam os problemas e estragos de anos estão sendo retiradas e o que surge é a verdadeira face de uma crise sem precedentes."

Quando a maioria dos brasileiros foi para as ruas e apoiou o impedimento da presidente imaginava um País melhor, queria logo que houvesse uma reversão na economia e como num passe de mágica as coisas voltassem à rota do crescimento, do surgimento de vagas de emprego. Mas essas expectativas nas quais todos mergulhamos não se mostram assim tão imediatas. Primeiro porque não se tinha exata noção de que tamanho eram os rombos e os desajustes, depois porque se pensava que haveria uma certa acomodação da chamada crise política. O certo é que a crise é bem maior do que se supunha, as maquiagens que encobriam os problemas e estragos de anos estão sendo retiradas e o que surge é a verdadeira face de uma crise sem precedentes.
Ainda levará mais tempo para pôr o trem de novo nos trilhos e a cada solavanco político, a cada escândalo novo no campo da corrupção, não importando quem envolva, sentimos que chegar aos objetivos fica mais difícil. As soluções, ao desvendar década delação, à tomada de cada depoimento, parece afastar ainda mais o Brasil das soluções econômicas. Tudo, claro, pela persistente falta de confiança, ou melhor, pela desconfiança em relação ao que ainda está por vir.
Conhecidos os números do ano passado, constatamos que a economia brasileira despencou 3,6% e em dois anos esse porcentual atingiu 7,2%. É a maior crise em décadas, a maior desde 1930. Ou seja, estamos vivendo um dos momentos mais delicados de nossas vidas. A recessão está levando a aumentos nos problemas de segurança, de crianças abandonadas, à ampliação da população de rua, ao crescimento de submoradias. Estamos vivendo sob o flagelo de uma crise que tem contornos mais políticos que econômicos, mas que se recusa a reverter a tendência por conta a falta absoluta de confiança de investidores, de empresários.

Por outro lado, vejo também que se quebrou entre os chamados empreendedores o espírito nato do brasileiro de ser criativo, de inovar, de apostar no fato de que é na crise que estão as melhores oportunidades. Quando vejo fóruns de empresários e economistas levando à conclusão de que as coisas caminham mal e passam a apenas se lamentar, fico aqui pensando no Brasil dos anos 70, 80, 90, no Brasil do milagre econômico, no Brasil que enfrentou tantos planos econômicos e sempre se superou.

Eu não sou economista, mas vejo isso por onde ando apenas reclamação. Gostaria de conclamar os agentes econômicos. As pessoas estão com receio de investir. Mesmo com a queda gradual da taxa de juro, com inflação estabilizada, todos ficam na expectativa negativa de torcer para as coisas se deteriorem ainda mais. Assim, como partem do princípio de que o fundo do poço ainda não chegou, agem especulativamente no sentido de fazer o melhor negócio no momento seguinte.

Esse tipo de pensamento está contaminando o antes arrojado empreender brasileiro. Aonde está aquele empresário atirado, criativo, que não perdia oportunidades? É chegada a hora de, sob risco de colocarmos todos o0s esforços a perder, arregaçar as mangas, parar de apenas reclamar, e voltar a acreditar que podemos, juntos, ter uma economia melhor, um País melhor. Sem isso, ficaremos de braços cruzados apenas assistindo a elevação dos índices de violência, de desemprego, de problemas sociais. Pensem nisso, afinal estamos aqui falando da responsabilidade de cada um.

Roberto Duailibi é publicitário

Artigo publicado no jornal Correio Braziliense, em 18 de março de 2017




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