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AGORA A COBRA VAI FUMAR
Acadêmico: Antonio Penteado Mendonça
"Os estragos feitos ao longo dos últimos 10 anos cobram um preço caro, que não admite erro, sob pena de nos condenarmos a mais alguns anos de carestia."

Acabou carnaval. É hora do Brasil pegar no tranco e tocar em frente o mais concentrado possível. O que vem pela frente não será fácil. Como não temos alternativa, o jeito é pegar o passo e tocar estrada a fora, no ritmo mais seguro possível.
Não é hora de grandes invenções. Os estragos feitos ao longo dos últimos 10 anos cobram um preço caro, que não admite erro, sob pena de nos condenarmos a mais alguns anos de carestia.
Com mais de 20 milhões de pessoas sem emprego, outros tantos milhões jogados de volta para patamares próximos aos níveis de pobreza extrema e mesmo miséria, o país simplesmente não pode perder as chances que se apresentam e permitem uma profunda revisão de tudo o que está aí, boa parte atrapalhando muito mais do que ajudando.
O Governo Temer, até agora, tem se mostrado extremamente hábil em sobreviver nadando no meio de um cardume de tubarões esfomeados, prontos para mordê-lo no primeiro vacilo.
Se no campo político nem tudo é um mar de rosas, no campo econômico ele vai entregando o que prometeu. A reforma da Previdência é uma realidade, a reforma trabalhista avança, vários marcos regulatórios foram revistos para dar mais agilidade aos diferentes setores da economia. O auxílio aos estados começa a tomar forma, não para salvar o Rio de Janeiro, mas para servir de base para uma ampla renegociação das dívidas estaduais, algumas impagáveis, outras explosivas e, surpreendentemente, umas poucas bem gerenciadas.
E mesmo no campo político, entre secos e molhados, tendo que lidar com alguns nomes que compõem o Congresso, corporativismo, ameaças das delações premiadas, Judiciário ativista, Polícia Federal apresentado provas avassaladoras apreendidas em missões bem organizadas, etc., tem-se que reconhecer que o resultado até agora, representado pela melhora expressiva de todos os indicadores econômicos, é positivo.
Já estamos em março. Quer dizer, o primeiro trimestre está no fim e ainda não tivemos o reaquecimento mínimo para que a economia volte a girar. É verdade, paramos de piorar, mas ainda não começamos a melhorar. As estimativas quanto ao desempenho do PIB são boas, mas as melhoras mais consistentes só devem ocorrer a partir do segundo trimestre. Até lá, é continuar navegando com cuidado porque os recifes submersos podem causar danos de monta.
No que diz respeito especificamente ao setor de seguros, o quadro é mais ou menos o mesmo. Não há nada que indique uma explosão de demanda ao longo do ano, mesmo depois da retomada do crescimento.
As coisas caminham para o eixo, mas de forma lenta e nem sempre pacificadas. Ainda tem setores que enfrentarão problemas sérios, como é o caso de várias empresas e obras que estão sendo investigadas apenas agora.
Isso tem reflexo na vida empresarial, até porque boa parte das empresas envolvidas nos escândalos estão entre as maiores em operação no Brasil.
Ainda que não se espere o envolvimento direto de empresas de seguros com os escândalos que vão surgindo todos os dias, várias de suas principais clientes estão no olho do furacão. Ou seja, terão dificuldades para renovar ou contratar seus seguros, impactando o desempenho de companhias especializadas em grandes riscos.
Além disso, o desemprego deve seguir alto, por conta da interrupção de dezenas de obras públicas, de Metrôs a linhas de transmissão de energia, de parques eólicos a trens, etc.
Neste cenário, os seguros de pessoas devem crescer num ritmo lento. Eventualmente, a previdência complementar mantenha uma velocidade de cruzeiro interessante, mas vida e planos de saúde privados devem no máximo andar de lado.
O cenário não é o ideal, mas é muito melhor do que o de 2016. A inflação não só está em queda, como tem quem fale que fecha o ano na casa dos 3%. Os juros também estão caindo. Os bancos, com a redução da inadimplência, devem voltar a emprestar. A economia começa a girar e as seguradoras entram em campo para garantir todo o processo. Além das seguradoras, os corretores que fizerem a lição de casa vão se dar bem.





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