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E AGORA, JÔ?
Acadêmico: Raul Cutait
Ao longo de décadas conseguiu criar o indispensável amálgama entre entrevistados e entrevistador.

A televisão tem sido o meio de comunicação mais impactante na vida da humanidade, entrando nas vidas das pessoas com palavras e imagens de praticamente tudo o que acontece no mundo. Em nosso meio, alguns programas foram e são marcantes, como noticiários, novelas, programas de variedades e tantos outros, sendo que sua sobrevivência e formatação dependem dos valiosos pontinhos nos índices de audiência. Contudo, existem aqueles que foram e são impactantes em função de quem os conduz. Nesse sentido, o Jô Soares é um campeão! Ao longo de décadas conseguiu criar o indispensável amálgama entre entrevistados e entrevistador. Os que se sentaram à sua direita foram não apenas pessoas de repercussão nas várias atividades sociais, culturais, científicas e políticas, mas também que desenvolveram ideias ou habilidades peculiares, capazes de trazer mensagens diferentes para os ouvintes do programa. A sensação após cada entrevista era de que o “papo” havia sido muito bom. Isso mesmo, o papo, pois com humor refinado e provocativo, o Jô conduzia seus entrevistados - eu sou um desses privilegiados - de modo a faze-los sentir-se numa sala de casa, ou mesmo numa mesa de botequim, criando oportunidades para que cada um pudesse compartilhar com quem os assistia não apenas suas bandeiras ou atividades, mas também um pouco de si mesmos e de suas vidas, o que deu uma dimensão ímpar a seu programa.
Há vários anos, perguntei ao Jô se ele já não estava cansado de fazer entrevistas e ele, de imediato, me respondeu que não, que isso o agradava muito. Sei que foi uma resposta sincera, pois aprendi com essa figura singular, num convívio de algumas décadas, não tão intenso como gostaria, que ele é antes de tudo um curioso caminhando pela vida, em busca da compreensão do comportamento humano, com espírito de diversão. Através de seus míticos personagens, de sua carreira como entrevistador e de seus deliciosos livros, campeões de vendagem, diga-se de passagem, e até mesmo de seus quadros, tem generosamente repartido suas experiências e pensamentos com todos nós.
Assim como centenas de milhares de pessoas, sentirei falta de seu programa. Contudo, terei a oportunidade de continuar a usufruir de seu agradabilíssimo convívio em nossas reuniões da Academia Paulista de Letras. Mas, e os outros? Jô, não abandone seu rebanho! Que o beijo do gordo continue disponível para todos nós!


RAUL CUTAIT Professor do Dpto. de Cirurgia da Faculdade de Medicin



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