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MUDANÇAS PRECISAM ACONTECER TAMBÉM NA PROPAGANDA
Acadêmico: Roberto Duailibi
"É preciso mostrar de forma objetiva e racional que não se vai desperdiçar a raríssima oportunidade de colocar o País nos trilhos."

Muita gente tem falado da necessidade de mudanças urgentes nos rumos da economia, da educação, da saúde. Toda mudança profunda sempre traz os anseios da maioria, evidentemente. Mas quero aqui chamar a atenção para um assunto que é muito importante, que consome todos os anos milhões dos cofres públicos e que pode em muito mudar a imagem do Brasil e ajudar os brasileiros. Precisamos de mudanças na propaganda. O que temos visto é que o aparelhamento do Estado, com o envolvimento de partidos, e a Operação Lava Jato já provou isso, também afetou as contas publicitárias do governo, dos bancos públicos, das estatais, dos ministérios.

Ao longo das investigações, que ainda não se aprofundaram nesse segmento, já ficou claro que assim como em outras áreas, a publicidade do governo tem sido vista como foco de poder, seja ele político ou financeiro, por meio da corrupção, desvios de recursos para campanha etc.. O papel de alguns empresários que se diziam publicitários passou a ser um meio de transferir recursos, nem sempre lícitos, para campanhas e contas particulares.

Não estou aqui fazendo acusações novas. Tudo isso já foi provado pela Força Tarefa da Lava Jato e outras operações da PF, como a Acrônimo. Estou querendo dizer que uma mudança do porte da que estamos vivendo pode ser muito positiva. De nada adiantará tudo isso se o governo não sinalizar que estamos entrando num novo tempo. É preciso mostrar de forma objetiva e racional que não se vai desperdiçar a raríssima oportunidade de colocar o País nos trilhos.

A propaganda é uma dessas áreas a ser passada a limpo. É muito grande o volume de verba destinado à comunicação pública. O governo Dilma gastou mais de R$ 2 bilhões em média por ano. Somados, os governos Lula e Dilma apenas com a mídia televisiva gastou R$ 13,9 bilhões e outros R$ 2.1 bilhões com os jornais impressos. Ou seja, estamos falando de volumes muito grandes que, até por isso, devem ser gastos de forma competente, equilibrada, livre de interferências e, o que é melhor, sem desperdício.

A nova fase da nossa história tem tudo para melhorar a percepção das pessoas em relação ao governo, à imagem do País, em relação aos serviços públicos. Essas verbas podem usar as concepções acadêmicas da comunicação social e passarem a ter um papel de altíssima relevância na sociedade. Os programas sociais, as campanhas da área da saúde, os serviços de utilidade pública, tudo isso pode ser aperfeiçoado, com o uso racional dos recursos, contratações eficientes, trabalhos consequentes e, o que é melhor, resultados muito superiores aos que temos visto até hoje.

É preciso levar em conta o tamanho do País, a necessidade de as mensagens chegarem a todos os lugares, de atingir de forma diferente aos mais variados públicos. Temos de passar à população as informações que podem ajuda-la no dia-a-dia, melhorar a qualidade de vida, favorecer o crescimento e até salvar vidas. A propaganda precisa voltar a ser vista como ferramenta de política do governo, por sua relevância, poder e papel social.

Acredito que se o governo olhar com carinho para essa área, poderá contratar melhor, gastar menos e ter um saldo final muito mais positivo. Afinal, na minha modesta avaliação, esse modelo baseado no aparelhamento político nos tem levado a uma propaganda de mau gosto, mal produzida, pouco criativa e pouco preocupada com o uso dos recursos e com o que pensam os brasileiros sobre essa propaganda.


Roberto Duailibi é publicitário

(Publicado no PropMark)



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