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FENÔMENOS FORA DE HORA
Acadêmico: Antonio Penteado Mendonça
É como se a natureza aqui resolvesse competir com a natureza na Europa, nos Estados Unidos e em outras partes do mundo, como Austrália e Canadá, não faz muito tempo severamente atingidos por incêndios florestais causados pela seca.

A violência da natureza atingiu o Brasil com força muito além do que seria imaginável para esta época do ano. A potência dos ventos que arrasaram parte de Jarinu, quase que ao mesmo tempo em que uma microexplosão levou pânico e destruição para Campinas, mostra que as mudanças climáticas estão aí, reais e muito mais poderosas do que seria de se esperar.
Se não bastasse, a quantidade de chuva que caiu em São Paulo no começo de junho foi mais do que o triplo previsto para todo o mês. Como não poderia deixar de ser, aconteceram deslizamentos de terra, quedas de árvores, desmoronamentos de imóveis e, o mais trágico, perdas de vidas.
Os prejuízos somaram dezenas de milhões de reais. E o triste é que a maior parte não tinha qualquer tipo de seguro, ainda que boa parte dos danos sofridos pudesse ser segurada em apólices comuns, como os pacotes empresariais e residenciais.
Já escrevi diversas vezes comentando a não contratação de seguros contra danos causados por eventos climáticos. É verdade, as apólices brasileiras necessitam uma revisão para adequar as garantias, mas isso não significa que a maior parte dos riscos não encontre cobertura nos produtos colocados no mercado.
Os acidentes mais comuns são causados por oscilação de voltagem em virtude de danos nas linhas de distribuição, tornado, vento forte, vendaval, tempestade, chuva, granizo, queda de árvores e entrada de água pelo telhado danificado pelo evento que se abate sobre o imóvel segurado. Todos eles podem ser segurados sem necessidade de contratação de cobertura especial, dentro das garantias acessórias oferecidas pelas apólices residenciais e empresariais.
Mas o tema de hoje não é a não contratação de seguros em geral pelos brasileiros. O tema é a ocorrência de eventos extremamente violentos fora da época tradicional, no Brasil, normalmente nos meses de verão.
É como se a natureza aqui resolvesse competir com a natureza na Europa, nos Estados Unidos e em outras partes do mundo, como Austrália e Canadá, não faz muito tempo severamente atingidos por incêndios florestais causados pela seca.
Ao mesmo tempo que Londres e outras regiões da Grã-Bretanha foram inundadas por tempestades torrenciais, São Paulo, num dos meses tradicionalmente mais secos do ano, sofreu danos de monta causados pelas chuvas.
Ao mesmo tempo que tornados varreram os Estados Unidos, como que querendo mostrar que o Brasil também é campeão, tornados causaram danos pelo interior do país, enquanto microexplosões confesso que um evento do qual jamais havia ouvido falar destruíram grande áreas urbanas de Santa Catarina e, agora, de Jarinu e Campinas, no interior paulista.
O que fica evidente é que as mudanças climáticas, causadas ou não pela ação do homem, estão se tornado mais violentas, acelerando a velocidade e aumentado a frequência das ocorrências. Eventos típicos de uma determinada estação estão acontecendo durante o ano inteiro e atingindo regiões onde não eram comuns.
O resultado disso é que as perdas em vidas humanas e patrimônios estão chegando a patamares inéditos, onerando de forma muito severa as populações atingidas e as contas públicas dos países onde acontecem.
Se a tendência de crescimento se mantiver e não há nada que indique que vai mudar , os números atingirão patamares proibitivos para o setor de seguros, que, por isso mesmo, já está revendo as condições de cobertura atualmente oferecidas ao mercado, especialmente nos países desenvolvidos, onde a contratação de apólices para os riscos de origem natural é bem mais elevada do que em países asiáticos ou latino americanos.
Seja como for, em 2015, a conta dos prejuízos causados pelos eventos de origem natural em todo o planeta atingiu impressionantes 92 bilhões de dólares, dos quais pouco mais de 30 bilhões de dólares foram bancados pelo setor de seguros.
O dado dramático é que a maior parte das perdas não tem qualquer tipo de proteção, exceto a ajuda oficial, dada pelos governos e que, invariavelmente, chega atrasada.




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